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Sem câmeras e sem funcionários, barracas oferecem produtos na base da confiança

Iniciativa é do vigilante Osvaldo Araújo, que aposta na honestidade dos seus clientes, em Viçosa
Na Rua do Cravo, produtos foram expostos à venda na última quarta-feira (fotos, vídeo e edição de imagens: Severino Carvalho)

“Pegue e pague no PIX”. Essas são as únicas instruções que o cliente encontra nas barracas que comercializam, em Viçosa, produtos para jardinagem, cultivo de plantas, vasos, redes, dentre outros itens. Não há câmeras, seguranças, nem tampouco funcionários. A moeda de troca é a confiança.

O modelo de negócio, lastreado na honestidade, foi implantado pelo vigilante Osvaldo Araújo, 48 anos, imbuído, em sua profissão, de zelar pelo patrimônio e a integridade física das pessoas. Essa preocupação, entretanto, inexiste nos estabelecimentos dele.

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“Funciona sem funcionário nenhum. Fica aqui 24 horas, de dia à noite; feriado, não para. O cidadão passa, pode olhar o preço, tem umas plaquinhas… Aqui não tem internet, aqui também não tem câmera; eu não falei com ninguém para olhar nada. É para confiar mesmo no cidadão”, afirma Osvaldo, que conta com o incentivo e o apoio da esposa, Lidiane Lopes. Artesã, ela confecciona as etiquetas com os preços e os cartazes informativos.

Osvaldo instalou a primeira barraca de venda há cerca de um ano, na localidade conhecida como “Passagem de Areia”, em Viçosa, na rodovia que dá acesso aos municípios de Mar Vermelho e Pindoba.

Ponto de venda na Passagem de Areia já funciona há cerca de um ano

O ponto comercial mais recente fica no início da Rua do Cravo, em frente à Praça Padre Cícero, sob a marquise de uma barraca. Foi aberto na quarta-feira (7). Mais que um negócio, os estabelecimentos de Osvaldo querem “vender” uma mensagem.

“É um voto de confiança para todos os cidadãos viçosenses, não só viçosense, mas da região, do nosso estado, do nosso Brasil. Eu acredito que gere uma certa motivação para se confiar mais nos outros”, aposta Osvaldo.

Ele conta que a inspiração veio do saudoso pai, comerciante que possuía uma padaria na Rua São Francisco, em Viçosa.

“Eu tenho a inspiração do meu pai, Jader Araújo. Ele nos criou dizendo que se deve confiar nas pessoas”, revela. E, até a momento, a confiança tem sido recíproca.

“Todos que levaram as mercadorias pagaram, ou no PIX ou sabiam quem era ele e quando o encontraram, pagaram pessoalmente”, revelou Lidiane. “A gente fica muito alegre, é uma prova da honestidade do cidadão”, comemora Osvaldo.

O comerciante Josivan dos Santos tem um estabelecimento convencional ao lado da barraca de Osvaldo, na Rua do Cravo. Ele aprovou a iniciativa.

Osvaldo Araújo e a esposa Lidiane Lopes: apoio e incentivo

“Eu acho que não tá errado não. Tem de dar um crédito de confiança nas pessoas. Eu já vi (essa iniciativa) num vídeo, fora do Brasil: uma caixa com produtos. Tinha a etiqueta com o valor, depositava o dinheiro na caixa e levava a mercadoria. Se a moda pega, né?”.

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