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Cabeleireira atende pessoas em situação de rua em Viçosa

Trabalho voluntário começou há seis meses, após Cleide Vicente superar problemas de saúde e o desemprego em São Paulo
Ela instala a cadeira na Praça das Amêndoas, onde atende pessoas carentes, muitos em situação de rua (fotos e vídeo: Severino Carvalho)

Há seis meses, a cabeleireira Cleide Vicente da Silva, 39 anos, faz trabalho voluntário em Viçosa, a 86 km de Maceió. Com dedicação e amor ao próximo, ela instala a cadeira na Praça das Amêndoas, Avenida Firmino Maia, onde atende pessoas carentes, muitos em situação de rua. Ali ela corta o cabelo, faz a barba e cuida da autoestima dos desamparados.

“Quem me move é Deus. Eu não tenho casa, não tenho carro, não tenho moto, mas o pouco que tenho, divido com eles e sempre Deus me abençoa”, conta Cleide Vicente ou simplesmente Cleidinha, como é chamada carinhosamente pelos que recebem o cuidado.

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Ela revela que essa história começou ainda em São Paulo (SP), onde morava. Na volta do trabalho, Cleide foi surpreendida por criminosos e feita de escudo humano. Recebeu quatro disparos de arma de fogo. Foi socorrida, passou por cinco cirurgias e sobreviveu. Ao sair do hospital, sofreu com o desemprego. A fase difícil foi superada justamente com a ajuda de amigos, que lhe fizeram doações.

De uma a três vezes por mês, Cleide fecha o salão dela para se dedicar ao trabalho voluntário

“Depois desse acidente, eu decidi ajudar essas famílias pelo fato de eu ter sido ajudada no momento em que mais precisei. Fiz o curso de cabeleireira e prometi a Deus que, se eu conseguisse, iria tirar um dia no mês para fazer esse serviço voluntário”, relata.

E assim vem sendo feito há seis meses. Uma, duas e até três vezes ao mês, Cleide fecha o salão de beleza dela, separa os materiais, de uso exclusivo para o trabalho voluntário, e leva tudo para o meio da praça. A céu aberto, cuida da higiene e da autoestima de homens e mulheres que a procuram.

“Eu acho o trabalho dela excelente, porque ajuda os humildes. Não é porque bebe; pode ser o que for: quem chega, ela corta o cabelo. Eu, como mulher, ela corta o meu cabelo do jeito que eu quero, da minha maneira”, agradece Maria das Dores Pereira.

“Não é fácil você pagar R$ 15 num corte de cabelo. Ela corta o cabelo da gente sem cobrar um centavo. Com esse dinheiro, eu compro um quilo de açúcar, um quilo de feijão pra comer com meus filhos”, pondera Luciano Limeira da Silva, 42.

“Ela é uma boa pessoa, uma menina legal; corta o cabelo de todo mundo, ajeita as mulheres, dá alimentação”, arremata Luciano Leal, 42.

Mas o trabalho de Cleide vem sofrendo resistência e até preconceito por parte de algumas pessoas.

“Elas acham que eu uso o mesmo material e não é verdade. O material dos clientes do meu salão é separado; o deles é à parte. Muita gente pediu para eu fechar o meu salão, disseram que ninguém ia mais lá, foi muito preconceito, me chamaram de porca por estar no meio deles. Mas eu vou permanecer, não importam as críticas. Se Deus fechar uma porta, Ele abre outra”, afirmou a cabeleireira.

E o número de pessoas atendidas só vem crescendo. Por isso, Cleide revela que está necessitando de doações para manter o trabalho voluntário e faz um apelo.

“Preciso de capa de corte, máquina, produtos de higiene pessoal, lâminas, papel toalha, tudo o que puderem ajudar, eu agradeço. Capa de corte é o que eu mais preciso. Preciso também de gola higiênica, que é um pouquinho cara: R$ 80 o pacote”.

Doações podem ser feitas por meio do número (82) 99130-4344.