A casa de número 18 pode até passar despercebida entre tantas outras moradias de classe média situadas na Praça Apolinário Rebelo, no Centro de Viçosa. Mas dentro dela, há um tesouro em itens que contam a história da “Atenas das Alagoas”, suas tradições folclóricas e culturais.
Toda essa riqueza foi colecionada ao longo de décadas pelo professor Manoel dos Passos Vilela e está à disposição do público no Centro de Tradições Populares Sinfrônio dos Passos Vilela. No Mês do Folclore, cuja data é celebrada em 22 de Agosto, o Alagoas Notícia Boa (ALNB) apresenta um pouco do acervo do “Museu do Vô”, como é conhecido o espaço cultural.
“Procuramos preservar toda a cultura folclórica que a Viçosa possuiu e possui. Temos recebido aqui turistas, estudantes, caravanas de municípios alagoanos e até de outros estados”, conta Manoel dos Passos, o “Vô”, como é mais conhecido o professor, cujo vozeirão, bem empostado, o fez um dos locutores mais consagrados da região, radialista e correspondente da Gazeta de Alagoas.
O multitalentos também foi vereador por Viçosa, vice-prefeito e prefeito do município. Vô herdou do pai, o saudoso folclorista Sinfrônio dos Passos Vilela, o gosto pela cultura popular, também cultivado pela esposa Salete Vilela, que faleceu em 2011, mas que se mantém viva por meio de seu legado e de suas obras expostas no Museu.
O Centro de Tradições Populares Sinfrônio dos Passos Vilela tem entrada franca, mas as visitas precisam ser agendadas pelo número (82) 9 9989-9045.
Logo na entrada, o visitante é saudado por um manequim vestido com os trajes do Guerreiro, folguedo genuinamente alagoano e dançado até hoje em Viçosa, graças aos ensinamentos do saudoso mestre Sebastião, que permanecem sendo transmitidos pela mestra Quitéria Jorge de Melo Oliveira, Patrimônio Vivo da Cultura Viçosense.
Sebastião do Guerreiro e tantos outros mestres do folclore viçosense, a exemplo de Bia, Nado e Osório, podem ser vistos em diversos registros fotográficos expostos nas paredes de entrada da casa.
Ali também estão antigas cadeiras dos barbeiros que fizeram história em Viçosa: Fernando e José Praxedes; e do Cine Godoy. A sala de entrada guarda a última lapinha natalina feita pela professora Salete.
“Eu a conservo do mesmo jeito que ela montou em 2010, um ano antes do seu falecimento”, conta o Vô.
Também confeccionados por ela estão expostos bonecos que representam diversas manifestações folclóricas: Pastoril, Guerreiro, Reisado, Baianas, a Banda de Pífanos, a Cavalhada…
As fotografias e registros da imprensa local – a exemplo da Folha de Viçosa – relembram as instalações da subagência do Banco do Brasil, em 1940; da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), em 1939; e a construção da Escola Normal Rural, em 1938, hoje prédio-sede da Prefeitura.
Cada cômodo da casa conta um capítulo dessa viagem no tempo. Pelos corredores, esbarra-se com reminiscências, memórias afetivas: antigos telefones, máquinas de escrever, rádios e outros aparelhos.
Uma miniatura do Parque de Diversões José de Agda, que se instalava na Rua do Cravo, chama a atenção da criançada.
“Hoje, a gente não mais encontra esses parques em lugar nenhum, porém, aqui no Museu do Vô, temos essa miniatura mostrando como eram os parques de antigamente”, observa Manoel dos Passos.
Há, ainda, a Sala Religiosa, dos Folguedos e de Leitura, que recebe estudantes ávidos por conhecimento. Na terra que viu florescer a Escola do Folclore – formada pelos pesquisadores José Aloísio Brandão Vilela, Théo Brandão, José Maria de Melo e José Pimentel de Amorim – o Museu do Vô dá uma boa lição de como se preserva a memória de um povo.
Serviço
Centro de Tradições Populares Sinfrônio dos Passos Vilela, Museu do Vô
Local: Praça Apolinário Rebelo, nº 18, Centro, Viçosa/AL
Entrada: gratuita
Agendamento para visitas: (82) 9 9989-9045
