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Livro da Fiocruz destaca trabalho de prevenção à hanseníase feito em Pilar

Fundação Oswaldo Cruz dedicou um capítulo inteiro do livro “Fiocruz é SUS: rodas de saberes, práticas compartilhadas”
Classificado como inovador, o trabalho garantiu maior adesão e mobilização dos participantes, fazendo frente a uma doença ainda negligenciada no Brasil (fotos: Ascom Pilar)

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dedicou um capítulo inteiro do livro “Fiocruz é SUS: rodas de saberes, práticas compartilhadas” ao projeto de combate e prevenção à hanseníase desenvolvido pelo município do Pilar.

O lançamento aconteceu no início deste mês, em solenidade no campus sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Denominado “Identificação de clusters e treinamento em serviço: estratégias para a abordagem da hanseníase no município do Pilar”, o projeto surgiu da necessidade de se compreender a dinâmica da doença por meio de dados epidemiológicos.

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Foi dessa forma que o Município chegou ao “cluster”, que nada mais é do que uma área considerada de risco para hanseníase, permitindo-lhe uma análise fiel das ações de controle, bem como o diagnóstico precoce.

Classificado como inovador, o trabalho garantiu maior adesão e mobilização dos participantes, fazendo frente a uma doença ainda negligenciada no Brasil – que lidera o ranking de incidência da hanseníase e é o 2º colocado em números absolutos, perdendo apenas para a Índia.

Reconhecimento

Para a coordenadora de Vigilância em Saúde de Pilar e responsável pelo projeto, o reconhecimento é resultado do empenho e, sobretudo, da sensibilidade de todos os profissionais envolvidos.

“Ter o nosso trabalho descrito numa publicação como esta é muito importante para os profissionais e para a gestão, porque não se consegue avançar sem esse apoio. Por isso é que conseguimos sistematizar o serviço, com a vigilância em saúde atuando de forma integrada à atenção básica. Fizemos busca ativa e permitimos que as pessoas falassem sobre uma doença ainda estigmatizada, mas que não poderia ser subestimada, inclusive, em meio à pandemia da Covid-19”, explica Francinny Rocha.

O livro destaca, em especial, o chamado matriciamento, processo de construção compartilhada com vistas à integralidade e à resolutividade das ações, como destaca o curador do Banco de Práticas e Soluções em Saúde e Ambiente (IdeaSUS) em Pilar, Artur Custódio.

Francinny Rocha: “Fizemos busca ativa e permitimos que as pessoas falassem sobre uma doença ainda estigmatizada, mas que não poderia ser subestimada”

“O modelo de Pilar traz o especialista para dentro da atenção básica, descentralizando o atendimento. A equipe, portanto, é treinada no território, e o diagnóstico é feito conjuntamente. Além disso, a criação de um grupo de apoio às pessoas com hanseníase permite que todos possam dar sugestões, fortalecendo, assim, o trabalho de escuta”, reforça o coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).

Ele acrescenta que a iniciativa de Pilar também será retratada em um documentário cujo lançamento deve acontecer ainda este ano.

Entenda

O IdeaSUS é uma iniciativa de cooperação técnica entre a Fiocruz, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), tendo como finalidade a consulta e divulgação de práticas e soluções para o SUS desenvolvidas em todo o país.

Em 2022, Pilar foi contemplado com a curadoria da mais importante instituição de ciência e tecnologia da América Latina, por ocasião da 17ª Mostra Brasil Aqui tem SUS, realizada em Campo Grande-MS, onde o projeto alagoano foi eleito o melhor da região Nordeste.