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Grito de independência: agricultores celebram 20 anos da Coopeagro

Cooperativa elevou autoestima dos sócios, levou capacitação ao campo, fez crescer produção e inovou na comercialização
Coopeagro produz, em média, 300 toneladas de alimentos por ano; carro-chefe é a fruticultura com o beneficiamento de polpas, principalmente de graviola, maracujá e abacaxi

O 7 de Setembro é uma data simbólica para os brasileiros, mas para os pequenos produtores rurais de Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas, a data é ainda mais significativa. Ela representa “o grito de independência” que ecoou pelos assentamentos da reforma agrária situados no município.

E essa caixa de ressonância foi a criação da Cooperativa dos Pequenos Agricultores Organizados (Coopeagro) que, nesta quinta-feira (7), celebra 20 anos de fundação. Diretores e associados se reúnem na sede da empresa, a partir das 8h30, para comemorar as duas décadas de vida da instituição.

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Ao longo dos anos, a cooperativa elevou a autoestima dos pequenos agricultores, levou capacitação ao campo, fez crescer a produção e inovou na comercialização, primando por práticas sustentáveis, sobre os pilares da economia solidária.

“O propósito da comemoração dos 20 anos da cooperativa é celebrar a consolidação da marca ao longo dos anos; comemorar também a importância de ter uma cooperativa de pequenos agricultores, levando o cooperativismo à região e despertar, ainda mais nos sócios e em todos os que fazem a Coopeagro, o sentimento de pertencimento”, afirma o sócio-fundador da Coopeagro, Rivaldo Vasconcelos.

Semente

A sementinha da Coopeagro foi lançada no solo viçoso de Maragogi há 20 anos pela freira italiana Mirian Zendrom, que percebeu a necessidade que havia de organização dos que foram beneficiados pela reforma agrária em Maragogi, logo após o processo de desapropriação e emissão de posse das terras, numa das maiores áreas reformadas do país.

A terra prometida, enfim, era ofertada, mas faltavam, principalmente, infraestrutura, assistência técnica e acesso justo ao crédito.

Irmã Mirian juntou um grupo de agricultores e fundou o projeto Peagro, que atuava, sobretudo, na capacitação e na cobrança às autoridades da época pela efetivação das políticas públicas necessárias ao desenvolvimento social e econômico das famílias assentadas.

Irmão Mirian lançou a semente da Coopeagro no solo viçoso de Maragogi (foto: Severino Carvalho)

Os frutos logo vieram e a produção aumentou, surgindo a necessidade de organizar os pequenos produtores, agora, em cooperativa. E assim foi feito!

“No dia 7 de Setembro de 2003 foi fundada a Coopeagro com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do agricultor, aumentar a produção e vendê-la a preço justo”, cita a gerente-geral Rinelly Vasconcelos.

Após duas décadas de lutas, Irmã Mirian conta que o sentimento no presente é de dever cumprido, ao observar a Coopeagro celebrar os seus 20 anos de fundação.

“Muita alegria vendo que esta criatura que ajudei a criar, que ‘amamentei’ por vários anos, hoje alcança sua maturidade. Estou olhando hoje pra trás com o sentido de dever cumprido, sabendo que me coloquei inteiramente a serviço de um sonho, sem medir esforços, tentando colaborar concretamente com o apelo que os bispos do Brasil lançaram no início deste novo milênio, convidando todos os cristãos a fazerem um mutirão para a superação da miséria e da fome. E a reforma agrária, no documento, ocupava um ponto muito forte, apontando para solução”, recorda a religiosa, integrante da Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus.

“Hoje é dia de celebrar e de agradecer a Deus que, em sua criatividade, arquitetou o encontro destas famílias maravilhosas, em busca de uma terra, com uma freira cabeçuda, resiliente, firme como as montanhas de sua terra de origem. E foi tudo muito bom. Obrigada!”, agradece Irmã Mirian, que é natural da Província de Trento, na Itália.

Força

A cooperativa congrega hoje 132 associados dos assentamentos e comunidades rurais de Água Fria, Itabaiana, Bom Jesus, Costa Dourada, Javari, Mangibura, Espírito Santo, Melos, Massangana, Caramuru, Barra de Piabas e Fazenda Papagaio.

A Coopeagro produz, em média, 300 toneladas de alimentos por ano. O carro-chefe é a fruticultura com o beneficiamento de polpas, principalmente de graviola, maracujá e abacaxi.

O produto é amplamente consumido no comércio da região e pela rede hoteleira de Maragogi, segundo destino turístico mais visitado de Alagoas. O turismo rural, inclusive, é uma das atividades incentivadas pela cooperativa.

Cooperativa quer elevar a comercialização de mel produzido nos assentamentos

Na avaliação de Rinelly Vasconcelos, um dos principais desafios da Coopeagro para os próximos anos é conseguir continuar ofertando suporte aos associados a fim de evitar que fiquem refém dos atravessadores, além de lançar novos produtos no mercado, expandindo a marca na região.

“Temos alguns projetos como a comercialização do mel, que já está com o processo sendo finalizado. Temos várias ideias de comercialização de novos produtos a fim de aproveitar ao máximo a produção dos nossos sócios. Vamos também intensificar o trabalho de suporte em campo e captar novos associados”, planeja a gerente-geral.