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Caju Queimado: o poder transformador do barro

Associação de mulheres vence as incertezas e se consolida com a venda de peças em cerâmica, na zona rural de Cajueiro
Associação Caju Queimado congrega mulheres moradoras do povoado Gameleiro, a exemplo de Mayara (fotos, vídeo e edição: Severino Carvalho)

“Eu não sei se foram elas que deram forma ao barro ou foi o barro que deu forma a elas”. A declaração de Virgínia Cajueiro resume bem a transformação que a matéria-prima primitiva operou na vida dela e das demais artesãs que integram a Associação Caju Queimado, no Povoado Gameleiro, zona rural de Cajueiro, município a 70 km de Maceió.

Essa história teve início durante a pandemia. Coordenadora do projeto, Virgínia Cajueiro buscou aprimoramento através dos cursos online ofertados à época e compartilhou o conhecimento adquirido com as moradoras do povoado.

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As dificuldades inicialmente encontradas na execução do trabalho foram sendo vencidas com união e a colaboração de profissionais experientes na área, com o apoio da iniciativa privada.

A escolha do nome Caju Queimado foi uma homenagem ao município sede da associação, e faz referência ao processo de fabrico das peças produzidas com argila, que vão ao forno até chegarem ao ponto ideal.

Virgínia Cajueiro: “Eu não sei se foram elas que deram forma ao barro ou foi o barro que deu forma a elas”

Outros relevantes parceiros se juntaram à iniciativa. O Sebrae Alagoas foi um deles. Atuou prestando consultoria para a consolidação da Associação Caju Queimado e orientou nas diversas etapas da instalação do empreendimento.

“Tivemos também o reconhecimento do Alagoas Feita à Mão, programa do Governo do Estado de apoio ao artesão”, cita a coordenadora.

Hoje, as peças produzidas pela Caju Queimado já ganharam os mercados nacional e internacional.

Peças ganharam o mercado nacional e já são vendidas para a Europa

“Trabalhamos com toda a parte utilitária, que é o nosso forte, vendida a hotéis, bares, restaurantes, buffets. Hoje as peças estão fora do Brasil: temos peças em Milão, na Itália; em Portugal”, revela Virgínia Cajueiro.

Mayara Magda Ferreira da Silva, 29 anos, é casada e mãe de dois filhos. Dona de casa, já foi feirante e vendedora de perfumaria e cosméticos. Encontrou na Caju Queimado a essência para uma vida melhor.

Ela conta com orgulho que aperfeiçoou a comunicação interpessoal e fortaleceu a autoestima.

“A Caju Queimado veio para mudar a minha vida financeira. Hoje eu posso dar uma vida melhor para os meus filhos. Graças a Deus, o Caju Queimado nos proporcionou a ter uma vida financeira melhor”, comemora Mayara, enquanto dá forma ao barro no ateliê da Caju Queimado, e edifica a própria vida.

“Antes eu vivia em casa e era bem atarefada. Ia pra roça, cuidava dos meninos… Hoje eu cuido de casa e dos meninos, mas tenho o meu trabalho. Sei que vou acordar e ter um lugar para ir e produzir as minhas peças, fazer essas obras de arte. Eu fico muito satisfeita. Eu sou feliz em trabalhar na Caju Queimado”, declara.

Artesãs produzem arte em cerâmica decorativa e utilitária: travessas, petisqueiras, pratos, xícaras, copos…

O poder transformador do barro vai além da arte em cerâmica; agregador ele começa a erigir outros segmentos econômicos que formam a cadeia do turismo.

Conhecida como a “cozinheira de mão cheia” da comunidade, dona Maria José viu no fluxo de visitantes a oportunidade de faturar com as suas delícias regionais e montou um restaurante. Após a refeição, a sobremesa está garantida. É que a vizinha dela agora vende doces, aproveitando as frutas da região.

“A Caju Queimado veio para nos transformar literalmente como pessoas, como mulheres; de saber que temos o nosso potencial, que muitas vezes não é visto e valorizado, principalmente em nossa cultura nordestina. A Caju Queimado veio acreditando em nós, mostrando que somos capazes; veio pra mudar financeiramente, pessoalmente; mudar a nossa mente de que podemos mais, de que somos capazes. Éramos donas de casa e não sabíamos que tínhamos esse talento. A cada dia ele é despertado quando chegamos aqui”, conclui a artesã Ednete Barbosa da Silva, 29.

Ednete Barbosa: “O Caju Queimado veio para nos transformar literalmente como pessoas, como mulheres; de saber que temos o nosso potencial, que muitas vezes não é visto e valorizado”

Serviço

O quê: Loja de artesanato Caju Queimado

Onde: Povoado Gameleiro (Fazenda Pitimiju), Zona Rural de Cajueiro, Alagoas

Instagram: @cajuqueimado

Contato: (82) 99986 – 5022

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