Noemi Simsig, uma italiana de 26 anos, pousou em Maceió trazendo na sua bagagem os vinhos produzidos artesanalmente pelo seu avô, Gaspare Buscemi. Numa noite de degustação realizada nessa terça-feira (9) e idealizada pelas advogadas e apaixonadas por vinhos, Marina Cleto, da Sognare Consultoria, e Julia Queiroz, empresários do ramo da gastronomia aprovaram o sabor da bebida produzida no Nordeste da Itália.
“Os vinhos do meu avô são produzidos de forma caseira em maquinários idealizados e construídos por ele. Prezando pela qualidade e não pela quantidade, produzimos 20 mil garrafas por ano. Recebemos o convite para trazer nosso vinho para Maceió, onde muitas pessoas apreciam a bebida, e será um prazer enviar o Gaspare Buscemi para a degustação dos alagoanos”, disse Noemi Simsig.
A jovem conta que trabalha na produção dos vinhos com o avô desde a colheita das uvas até o engarrafamento da bebida.
“Meu avô começou a produzir seus vinhos em 1959 e hoje, aos 83 anos, continua trabalhando. Eu atuei em outras áreas, mas a paixão pelo vinho me levou a seguir os seus passos e hoje quero que mais pessoas conheçam a qualidade de um vinho produzido sem nenhuma interferência industrial. Totalmente artesanal e de sabor único. Vou continuar seguindo o seu método de produção e quero aprender ao máximo com ele”, ressalta.
Originalidade
Durante a noite de degustação, pelo menos dez sabores entre vinhos brancos e tintos foram oferecidos aos convidados, entre eles o Patrick De Neufville, presidente da Associação Brasileira dos Sommeliers e ente da Federação Brasileira em Alagoas.
“O vinho fabricado de forma artesanal faz muita diferença. Tem uma originalidade e uma tipicidade incomparáveis. É uma aula de enologia, sobretudo o produtor apaixonado pela tradição, pela metodologia clássica da produção. A qualidade começa pelas uvas, do Nordeste da Itália, que se mantem por muitos anos. O enólogo tem muita paciência e muita dedicação e o resultado são vinhos com caráter, que mantém uma estrutura, uma harmonia”, opinou.
O encontro também promoveu a cultura, agregando uma exposição artística do pintor italiano Giorgio Bracco.
“Eu costumo dizer que vocês moram no paraíso e minhas telas retratam as paisagens que vejo em Alagoas”, contou o artista.
Os pratos servidos para harmonizar com os vinhos ficaram por conta da chef fiorentina Lori do restaurante Basilico, que elaborou um cardápio especial para o evento.
Além das entradas típicas do “Belpaese”, como expressão da deliciosa aliança entre Brasil e Itália, foi lançado um prato à base de massa caseira com molho do nosso patrimônio da Unesco, o sururu de capote.
Associação
O italiano Nicola Stendardo, de 53 anos, nascido em Nápoles, mora em Maceió há 20 anos. Durante o evento ele contou sobre a ideia de uma associação cultural que nasceu literalmente no meio do caminho entre Brasil e Itália.
“Eu aqui em Maceió e Marina e Larissa na Itália, nos reunimos semanalmente online para estudar e trabalhar. Sendo ligados pela amizade e compartilhando o amor pela cultura, começamos a ler e comentar livros juntos, e percebemos que aqui em Maceió não existe nenhuma associação cultural dedicada à cultura italiana”, observa Nicola.
“Sabendo do prestígio da Sociedade Dante Alighieri, associação sem fins lucrativos que divulga a cultura italiana pelo mundo, Marina e Larissa pensaram em abrir uma seção em Maceió e me convidaram para fazer parte desse sonho. Concordei imediatamente e começamos a desenvolver o projeto”, acrescenta.
“Em Alagoas, entre a capital e o interior, há um grande número de italianos, que sentem a falta de um ponto de encontro, além de um número ainda maior de brasileiros interessados em tudo relacionado à Itália e sua cultura. Estamos coletando o material informativo pela Sociedade Dante Alighieri”, concluiu.
Se depender da amizade entre esses brasileiros e italianos, Maceió será um ponto cultural e de degustação dos melhores vinhos da Itália.