A Casa da Mulher Alagoana completa um ano de funcionamento no dia 10 de maio e já registra mais de 2 mil atendimentos a mulheres vítimas de violência doméstica.
“Aqui, a mulher encontra atendimento humanizado que evita sua revitimização”, explicou o desembargador Tutmés Airan, em entrevista à Secretaria de Comunicação de Alagoas.
Idealizador do projeto, ele reforça que, “por ser especialíssima”, a violência doméstica demanda um combate mais articulado, razão pela qual o projeto reúne órgãos municipais e estaduais.
Eis a explicação por que a Casa, instalada na Praça Sinimbu, centro de Maceió, reúne no mesmo espaço, além do Juizado, Promotoria, Defensoria e Delegacia de Polícia Civil.
Os profissionais atrelados a estes órgãos públicos não só atendem, mas acolhem e abraçam as mulheres que enfrentam o medo e a insegurança para denunciar seus agressores.
Quando chegam à Casa, as vítimas que não tenham para onde ir, podem ficar no espaço por até 48h, tempo em que uma equipe psicossocial tenta lugar alternativo para instalá-las.
Atendimento é humanizado
“Aqui, todo o atendimento é gratuito e não precisa de encaminhamento. Ela vem e é atendida”, avisa Érika Lima, coordenadora administrativa da Casa da Mulher.
“Nosso atendimento é humanizado. Em nenhum momento, a mulher vai ser julgada. Ninguém vai querer saber se ela ainda continua com o agressor”, explica.
Para que ela saia de imediato do risco de violência, o espaço conta com uma delegada da Polícia Civil, que pode solicitar as medidas protetivas ao Juizado da Mulher.
Ministério Público, Defensoria Pública e Patrulha Maria da Penha, que acompanha o cumprimento de medidas protetivas, também estão inseridos no projeto.
Para o juiz Paulo Zacarias, do Juizado da Violência Doméstica, o atendimento à mulher vítima de violência mudou ‘da água para o vinho’ a partir da instalação da Casa.
“Agora, temos um centro de referência na Capital”, diz o juiz, para quem as vítimas não precisam mais peregrinar em busca de atendimento para combater os agressores.
Mais de mil medidas protetivas
“Elas têm um local só para receber todo esse atendimento”, destaca o juiz, que expediu mais de 1.000 medidas protetivas em 2021. “Este ano, até março, foram 200”.
“Entre as medidas, estão o afastamento do lar pelo agressor, não poder entrar em contato com a vítima e manter distância de 500 metros da mulher”, pontuou o juiz
As medidas protetivas são solicitadas ao juiz pela delegada Rosemere Chaves.
Dependendo da situação, a delegada solicita a retirada do agressor do lar e seu impedimento de manter contato com a vítima, com familiares e até com testemunhas.
Cerca de 1.300 mulheres são assistidas pela Patrulha Maria da Penha, que pode entrar em ação nos casos de descumprimento da medida e prender o agressor.
Esperança que eu não tinha
“Vi a propaganda, decidi procurar atendimento e fui muito bem assistida. Fui buscar a esperança que eu não tinha mais”, explica uma vítima de violência doméstica.
“Tô (sic) cada dia mais cuidando do meu psicológico e empenhada em ajudar pessoas que passaram ou estão passando pelo que eu passei”, conta, com lindo sorriso no rosto.
Vítima de violência em dois casamentos, recebeu na Casa da Mulher o atendimento psicológico para conviver com as marcas de uma violência que jamais vai esquecer.