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Pesquisadores da USP usam caldo de cana para produzir energia elétrica

Processo impede a formação de vinhaça, resíduo ambientalmente perigoso decorrente da produção do etanol
Após o êxito dos experimentos em laboratório, os cientistas vão desenvolver a aplicação da técnica em escala industrial (foto: Cecília Bastos/USP Imagens)

Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), órgão associado à Universidade de São Paulo (USP), testaram o uso de caldo de cana para gerar energia elétrica em células a combustível.

O processo dispensa a transformação do caldo in natura em etanol, feita nas usinas de álcool, impedindo a formação de resíduos nocivos ao meio ambiente. Após o êxito dos experimentos em laboratório, os cientistas vão desenvolver a aplicação da técnica em escala industrial.

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O pesquisador do Ipen, Almir Oliveira Neto, coordenou o estudo. Ele explica que a célula a combustível tem o mesmo princípio de funcionamento de uma pilha. A diferença, segundo ele, é que o combustível serve como reagente para ser consumido e gerar eletricidade.

“Na célula, há dois eletrodos, o ânodo, onde o combustível é oxidado, e o cátodo, onde o oxigênio da oxidação é reduzido. Eles são conectados por uma membrana que atua como eletrólito, conduzindo eletricidade, formando um sistema que fornece energia elétrica”, explica.

De acordo com ele, o uso do caldo de cana de forma direta evita a formação de vinhaça, um resíduo ambientalmente perigoso decorrente da produção de etanol, contribuindo, assim, para a preservação do meio ambiente.

“No dispositivo que foi desenvolvido na pesquisa, a oxidação do caldo de cana acontece no ânodo e a redução de oxigênio no catodo. O objetivo do experimento era obter energia da biomassa com o mínimo impacto ambiental possível. Para isso, utilizou-se o caldo de cana em uma célula a combustível para gerar energia elétrica”, diz o pesquisador.

Da feira à célula a combustível

Segundo Oliveira Neto, a célula a combustível pode usar o caldo obtido diretamente pela moagem da cana, como o vendido nas feiras livres. No entanto, aponta, é preciso uma padronização. É que o produto pode apresentar variações em decorrência da safra.

O estudo teve a participação dos pesquisadores Bruno Villardi e Júlio Nadenha, doutores formados pelo Programa de Tecnologia Nuclear e Materiais da USP e do Ipen; Victória Maia, doutoranda do programa; e dos pós-doutorandos Priscila Zambiazi e Rodrigo Souza, do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ipen.

A pesquisa contou com a supervisão de Almir Oliveira Neto, orientador credenciado no Programa de Tecnologia Nuclear e Materiais da USP e do Ipen, onde Souza atua como co-orientador.

Fonte: Jornal da USP / com texto de Júlio Bernardes