Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Geografia (PPG) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) teve destaque no Simpósio Nacional de Geomorfologia que, este ano, foi realizado na cidade de Corumbá-MS, no Pantanal, na última semana de agosto.
O egresso Genisson Panta recebeu o Prêmio Aziz N. Ab’Saber de melhor dissertação em Geomorfologia do Brasil, pelos estudos feitos na região dos cânions do Rio São Francisco.
O trabalho, orientado pelo professor Kleython Monteiro, do Instituto de Geografia e Meio Ambiente (Igdema), buscou responder como rios que fluem sobre rochas expostas funcionam quando são submetidos a controles climáticos e tectônicos. O estudo focou no São Francisco e seus rios afluentes do baixo curso.
“Encontramos fortes indícios de que algumas cachoeiras se moveram ao longo dos últimos 20 milhões de anos. Esse foi o principal processo formador da paisagem que encontramos hoje. Além disso, é possível que variações do nível do mar combinadas a eventos de soerguimento tenham atuado juntos para modular a migração de cachoeiras”, destacou Genisson.
Ele explica que o trabalho analisou a topografia fluvial de rios rochosos que drenam a Depressão Sertaneja Meridional. Para isso, utilizaram várias técnicas como morfometria, geoprocessamento e sensoriamento remoto. Ao longo da pesquisa, as informações obtidas por meio de análises técnicas foram confrontadas com observações de campo.
A dissertação de Genisson sugere, com base em evidências independentes, que mudanças na rede hidrográfica do São Francisco tiveram origem no período Eoceno, ou seja, entre 55 a 35 milhões de anos, e a onda de incisão que se observa nos vales atualmente teria sido formada posterior a esse período.
O trabalho completo está disponível no repositório da Ufal e parte do estudo foi publicado na Revista Brasileira de Geomorfologia, que é A1 na última avaliação da Capes. Para ter acesso, clique aqui.
Suporte acadêmico
O orientador de Genisson na Ufal, professor Kleython Monteiro, do Igdema, fala com orgulho da trajetória do aluno, que sempre se mostrou dedicado ao aprendizado, foi bolsista de iniciação científica e participante ativo de grupo de pesquisa, contribuindo com o aprofundamento das temáticas voltadas à Geomorfologia Fluvial e Geometria Hidráulica de drenagens em Alagoas
“Mas um elemento sempre foi central em sua trajetória: o Rio São Francisco. Genisson sempre foi apaixonado pelo Rio São Francisco e sempre trouxe diversas questões que ainda não foram muito bem explicadas”, destacou Kleython.
“Ele sempre se perguntou como este rio se estabeleceu no curso que está atualmente, quais as respostas dos controles de vazão em suas barragens na morfologia do canal e de suas barras e ilhas, além da grande pergunta de seu TCC [trabalho de conclusão de curso] e sua dissertação de mestrado: ‘como a estrutura geológica estabeleceu o relevo do setor do Baixo São Francisco e como essa estrutura tem se desencadeado para os canais tributários?’. Estas são perguntas que ainda vamos demorar para ter respostas robustas, mas com certeza as contribuições recentes de Genisson estarão como pedra fundamental para aqueles que vierem posteriormente” completou.
Apoio
Durante o mestrado, Genisson Panta contou com o apoio do Programa de Pós-graduação em Geografia para desenvolver as atividades planejadas e para participar de intercâmbios com outros programas.
“Essas parcerias interinstitucionais foram fundamentais para mim e me direcionaram para a pesquisa que estou desenvolvendo atualmente no doutorado na Universidade Federal de Pernambuco”, reforçou o egresso da Ufal.
Ele conseguiu bolsa da Capes para auxiliar financeiramente no período da pós-graduação e ressalta que isso foi fundamental para manter sua dedicação exclusiva no desenvolvimento da pesquisa.
Como egresso, Genisson acredita que o Programa da Ufal está no caminho certo.
“Tenho orgulho em poder dizer que possuo graduação e mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Alagoas e que a nossa produção é reconhecida e referenciada”.
Fonte: Ascom Ufal, por Manuella Soares