Maceió, AL

30°C
Clear sky

Francês é eleita uma das quatro Reservas Nacionais de Surf

Além de Alagoas, integram a seleção praias dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo
Ao lado das praias de Itamambuca, em Ubatuba (SP); Regência, em Linhares (ES); e Moçambique, em Florianópolis (SC), a do Francês foi reconhecida em âmbito nacional (fotos: Thiago Laion)

A Praia do Francês, em Marechal Deodoro, é uma das quatro Reservas Nacionais de Surf. O anúncio foi feito na sexta-feira (30/08) pelo Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS).

Ao lado das praias de Itamambuca, em Ubatuba (SP); Regência, em Linhares (ES); e Moçambique, em Florianópolis (SC), a do Francês foi reconhecida em âmbito nacional como uma das localidades que priorizam, valorizam e protegem ecossistemas de surfe icônicos, que abrigam atributos ambientais, culturais e econômicos.

PUBLICIDADE


“Não entrou só uma onda, entrou uma série!  Ficamos muito felizes com este resultado e em anunciar esta seleção que nos permite lançar a Rede Brasileira de Reservas de Surf, contando com picos de notório reconhecimento como importantes ecossistemas de surfe da costa brasileira”, comemorou Fabricio Almeida, presidente do Instituto APRENDER Ecologia.

Localizada na costa Sul de Alagoas, a praia do Francês se destaca não apenas pelas suas águas cristalinas e ondas tubulares, mas também pela riqueza do seu ecossistema de surf único e cênico, que inclui a vila dos pescadores, coqueirais, barreira de corais, restinga e um brejo natural.

Campeonatos de surfe são realizados ali desde a década de 80, incluindo de modalidades como Stand Up PaddleBoadyboard, que destacam a versatilidade das ondas do local.

Seleção

Coordenado pelo Instituto APRENDER Ecologia, em uma parceria estratégica com a Conservação Internacional (CI-Brasil), o processo seletivo do PBRS contou com a submissão de cinco comunidades do litoral brasileiro e que possuem o objetivo de transformar seus espaços.

De acordo com o vice-presidente da Conservação Internacional, Mauricio Bianco, a conservação marinha e costeira é fundamental para evitar os efeitos mais drásticos da crise climática.

“Milhares de picos de surfe em todo o mundo são cercados por ecossistemas que armazenam grandes quantidades de carbono e apenas cinco países detêm quase metade desse carbono armazenado, entre eles o Brasil. Esses ecossistemas de surfe em nosso litoral são importantes não apenas para o clima e biodiversidade, mas também geram benefícios socioeconômicos por meio da geração de empregos e renda. É por isso que a Conservação Internacional se aliou ao Programa Brasileiro de Reservas de Surfe, que une conservação da natureza, comunidades locais e a prática do esporte”, explica Bianco.

Localidades selecionadas, a exemplo do Francês, priorizam, valorizam e protegem ecossistemas de surfe icônicos, que abrigam atributos ambientais, culturais e econômicos

As candidatas foram avaliadas em quatro critérios: 1. qualidade, consistência e relevância das ondas; 2. características sócio ecológicas do ecossistema de surfe; 3. cultura, história e desenvolvimento do surfe no local; 4. engajamento comunitário, capacidade de governança  e sustentabilidade da Reserva.

“O resultado com quatro praias escolhidas ao mesmo tempo reflete o alto nível técnico e de engajamento social das candidatas e que foram avaliadas pelo Conselho Técnico Científico e Núcleo Executivo do PBRS. Além disso, começar com a Rede é muito importante, pois a troca de informações entre as Reservas fortalece muito a implementação”, celebra Mauro Figueiredo, que coordenou a elaboração do PBRS e é membro da Diretoria do National Surfing Reserves da Austrália.

Próximos passos

A partir do anúncio, as praias selecionadas devem, com orientações do Núcleo Executivo do PBRS, iniciar a formação do Comitê de Gestão Local e a organizar o evento de celebração para a titulação como Reserva Nacional de Surf, que oficializará a nomeação por um período de dois anos.

A celebração será seguida pela elaboração de um Plano de Gestão, que definirá ações e metas a serem realizadas nas comunidades. O Sistema de Monitoramento das Reservas de Surf acompanhará os indicadores e auxiliará na melhoria contínua dos Planos de Gestão.

O engajamento social foi um critério muito importante na seleção das Reservas. O PBRS reconhece o valor das ondas de todas as cinco candidatas, porém, sendo um programa baseado na gestão ecossistêmica e participativa, o engajamento da comunidade é essencial para o processo de implantação das Reservas.

Com o avançar do PBRS, a ideia é ampliar as oportunidades para que mais praias no Brasil possam aplicar o modelo baseado nos Programas Australiano e Mundial de Reservas de Surf, este último coordenado pela Save the Waves Coalition. Atualmente, a Guarda do Embaú (SC) é a única representante brasileira no Programa Mundial de Reservas de Surf.

O Instituto APRENDER Ecologia é uma organização que já atua há 24 anos com ações na zona costeira do Brasil e, inspirados no National Surfing Reserves, da Austrália, desenvolveu um programa especial para o litoral brasileiro.

“Vimos que este modelo inovador de gestão participativa baseada em ecossistemas de surf tem um papel potente como ferramenta para conservação de espaços marinhos e costeiros e geração de renda por meio do turismo regenerativo”, completa a diretora executiva da APRENDER, Fernanda Muller.