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Fotógrafo alagoano faz registro emblemático para a fauna brasileira na Região Amazônica

Sérgio Leal conseguiu o que pode ser o 1° registro fotográfico de macacos-aranha atravessando uma ponte de dossel
Macaco-aranha durante travessia, em Alta Floresta: registro histórico (fotos: Sérgio Leal)

O fotógrafo de natureza Sérgio Leal, 47 anos, conseguiu, na quinta-feira (12), um feito importante para a conservação da fauna silvestre brasileira. Na Região Amazônica, ele fez o que pode ser o primeiro registro fotográfico de macacos-aranha atravessando uma ponte de dossel sobre uma estrada vicinal, no município de Alta Floresta (MT).

Essas estruturas de baixo custo são instaladas pelo “Projeto Reconecta / Alta Floresta não Atropela” para evitar acidentes com animais em rodovias entre os estados do Amazonas, Roraima e Mato Grosso. Até então, segundo Leal, não havia registro fotográfico da espécie fazendo o uso dessas passarelas.

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Natural de Arapiraca, o alagoano postou as fotos da travessia no perfil dele, no Instagram. Em entrevista ao Alagoas Notícia Boa (ALNB), falou da emoção em conseguir captar o momento emblemático para a fauna brasileira.

“Eu sempre gostei de trabalhar com animais.  Vivenciar o que a natureza tem, se conectar com ela e ter a oportunidade de fazer um registro como esse, que tem uma importância muito grande para a ciência e para a conservação da fauna, me deixou muito feliz”, confessou Leal, que é turismólogo por formação e guia de observação de aves com atuação em Alagoas e no Mato Grosso.


Leal conta que essa espécie de primata é constantemente vista aos bandos na Região Amazônica. Mas foi através da coordenadora do Projeto Reconecta, a bióloga Fernanda Abra, que tomou conhecimento de que a imagem que havia captado era o primeiro registro fotográfico dos animais usando essas estruturas.

“Ela viu a imagem no meu Instagram, que já circulava também em alguns grupos de WhatsApp formados por ambientalistas e pesquisadores sobre o feito. Então ela me procurou dando os parabéns, e dizendo de sua felicidade por ter uma comprovação de que essa espécie está utilizando as pontes. Isso é um alívio porque, antes, era uma dúvida se essa espécie usava ou não as pontes, já que não se tinham registros anteriores desse comportamento”, relatou Leal.

Sérgio Leal é alagoano de Arapiraca (foto: arquivo pessoal)

Premiação

Em maio do ano passado, Fernanda Abra venceu o Prêmio Whitley, considerado o Oscar da Conservação da Natureza pelo trabalho que desenvolve à frente do Projeto Reconecta.

A iniciativa, desenvolvida em parceria com o povo indígena Waimiri-Atroari, recebeu destaque por sua abordagem inovadora e impacto positivo na preservação da fauna silvestre. 

Leal captou o momento e confirmou o uso da estrutura por uma das espécies mais ágeis da fauna amazônica

O momento do registro

Leal conta que na quinta-feira passada, enquanto prospectava a área para fotografar aves, escutou o balançar das árvores.

“Pensei se tratar de alguma ave de grande porte se deslocando nas copas. No local é comum a presença de jacus, então, me preparei e esperei o que sairia daquelas árvores, não demorou muito, saíram dois macacos”, recorda.

“O primeiro, um jovem que se esticava entre as duas cordas paralelas, se segurava usando a cauda, se esticava e seguia seu caminho em segurança, porém meio desajeitado. O segundo macaco, um indivíduo mais velho, mostrando melhor desempenho e agilidade, usando aquele equipamento, sem esforço, atravessou a ponte em poucos segundos”, completou.

Leal: “Pensei se tratar de alguma ave de grande porte se deslocando nas copas”

Ao desviar a atenção por um breve momento, enquanto olhava no visor da máquina o que havia conseguido registrar, um terceiro macaco atravessou a estrutura sem dar chances ao fotógrafo de mais clicks.

“Nesse instante, dois estavam acompanhando pelo chão, que, rapidamente também sumiram em meio à vegetação da margem oposta, de onde saíram”.

Estrada onde Sérgio Leal fez o registro fotográfico (foto: Sérgio Leal)

As pontes de dossel – confeccionadas comumente em madeira e cordas – são usadas como estruturas de mitigação para garantir travessias seguras de animais arborícolas e semi-arborícolas sobre infraestruturas lineares, a exemplo das rodovias. Quando eles descem das árvores e tentam atravessar as estradas, ficam suscetíveis a atropelamentos.

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