O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é um molusco bivalve originário da Ásia. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a espécie invasora chegou à América do Sul provavelmente de modo acidental na água de lastro de navios cargueiros, em meados da década de 1990.
Atualmente, o molusco se encontra no Rio São Francisco, causando prejuízos ambientais e econômicos. Hidroelétricas, sistemas de piscicultura e de adução e distribuição de água, além da navegação, são os setores mais afetados.
Do ponto de vista ambiental, a espécie exótica destrói a vegetação aquática, ocupa espaço e disputa alimento com os moluscos nativos, causando prejuízos à pesca, já que a diminuição da fauna diminui o alimento para os peixes.
Uma pesquisa científica intercampi do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) pode ajudar a mitigar tais prejuízos. O estudo apontou a viabilidade do uso das conchas do mexilhão-dourado como substituto do agregado miúdo (areia) em argamassas e concretos.
O trabalho foi desenvolvido por professores e estudantes dos campi de Marechal Deodoro, Piranhas e Palmeira dos Índios.
“Esse projeto mostrou resultados promissores que apontam para a possibilidade de aplicação do resíduo das conchas em produtos cimentícios. Testes mostraram sua viabilidade em substituição ao agregado miúdo, basicamente areia”, explica o professor do Ifal, Campus Piranhas, Ronny Francisco Marques de Souza.
Integram ainda o estudo: Sheyla Justino Karolina Marques (professora, Ifal- Palmeira dos Índios), Dara Liandra (bolsista, Ifal-Palmeira dos Índios) e Adenilma Maria (voluntária, Ifal- Palmeira dos Índios).
Apoio
A pesquisa contou com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PRPPI) do Ifal, como Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti), em 2022.
“Na sequência, vistos os resultados obtidos para a argamassa, iniciou-se um projeto de mestrado com a discente Fabrícia Moreira, no Programa de Mestrado Profissional em Tecnologias Ambientais do Ifal-Marechal Deodoro, onde se busca o desenvolvimento de concreto com a adição da biomassa do mexilhão. Este projeto está em andamento”, revela Ronny Francisco.
O trabalho com a argamassa foi apresentado como pôster na 5ª Building and Management International Conference, realizado simultaneamente em Madri (Espanha) e Guarda (Portugal), em novembro do ano passado.
De acordo com o Ifal, a Conferência ofereceu a oportunidade para apresentação de pesquisas com ênfase nos últimos desenvolvimentos em processos de gestão, associados aos setores da arquitetura, engenharia e construção.
“O mexilhão-dourado é uma espécie invasora que vem causando grande prejuízos econômicos e ambientais nos ambientes que é introduzido. A limpeza e manutenção nos setores afetados geram grande quantidade de biomassa sem adequada destinação. O projeto visa propor uma destinação correta e sustentável a esse resíduo”, conclui o professor.