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Redinhas Terapêuticas reduzem estresse dos bebês no HM

Experiência inovadora tem o intuito de reduzir o estresse fisiológico e motor dos recém-nascidos
Redinhas Terapêuticas são colocadas nas incubadoras da UCI Neonatal onde os bebês ficam internados (fotos: Carla Cleto)

O Hospital da Mulher Drª Nise da Silveira (HM), localizado no bairro do Poço, em Maceió, implantou uma experiência inovadora com o intuito de reduzir o estresse fisiológico e motor dos recém-nascidos. Trata-se do uso de pequenas redes de balanço, colocadas dentro das incubadoras da Unidade de Cuidados Intermediário (UCI) Neonatais.

Batizado de ‘Redinhas Terapêuticas’, o projeto oferece aos bebês uma experiência semelhante ao útero da mãe, incentivando a postura flexora, o que impacta no desenvolvimento da criança, conforme mostra Pesquisa sobre Validação de Protocolos de Posicionamento de Recém-Nascidos, publicada em 2015 na Revista Brasileira de Enfermagem.

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A iniciativa foi idealizada pela equipe de fisioterapia da unidade hospitalar, focada na atenção humanizada aos pacientes, conforme destaca a fisioterapeuta e responsável técnica da UCI Neonatal do HM, Isabela Kalline Fidelix.

Segundo ela, manter o bebê na redinha durante um tempo traz uma série de outros benefícios, como a redução da perda de calor e menor gasto de reserva energética, que proporcionam ganho de peso.

“Além de todos esses ganhos, o uso da redinha também é importante para a autorregulação de todo o sistema autonômico do bebê. Essa estratégia é capaz de organizar o ritmo cardíaco e respiratório e também as variações de temperatura”, salienta a fisioterapeuta do HM.

Multidisciplinar

Isabela Kalline Fidelix explica, ainda, que a UCI Neonatal é um ambiente estressante para os neonatos, por conta da posição em que eles ficam deitados, exposição à luz e ruídos, manipulação constante, restrição no espaço físico e procedimentos clínicos.

“Sem contar que eles saem de uma condição de total dependência da mãe [no útero], para uma condição de total independência [na incubadora]. Com isso, o uso da rede reduz a irritabilidade do nenê, diante dessa realidade hospitalar”, relata a profissional.

Fisioterapeuta salienta que Redinhas Terapêuticas oferecem ambiente aconchegante como o útero da mãe

A fisioterapeuta do HM ressalta que o projeto é resultado de esforços multidisciplinares das equipes de fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e também do setor da rouparia, que confecciona e higieniza as redes.

Segundo Isabela Kalline Fidelix, para usar a redinha, o bebê precisa ter mínima estabilidade clínica, pesar pelo menos entre um e dois quilos e estar sem suporte ventilatório.

Aconchego

José Heitor nasceu no dia 15 de agosto, na Maternidade do Hospital da Mulher, depois de aproximadamente três horas de trabalho de parto. Em decorrência de desconforto respiratório precoce, precisou ser internado na UCI Neonatal e, um dia depois, passou a fazer uso da redinha para a regulação do sistema autônomo.

A mãe do bebê, Áurea Clécia da Silva, não pode ficar o tempo todo ao lado dele e, por isso, estava feliz ao saber que o filho iria desfrutar do conforto da rede.

“Aqui nessa redinha eu achei bem melhor do que na incubadora, e o pessoal daqui me explicou tudo direitinho, que ela iria ajudar meu filho a ficar mais confortável e menos estressado. Eu confio muito na equipe do hospital”, disse, emocionada, diante da assistência humanizada recebida pelo filho.

Áurea Clécia, mãe do pequeno Heitor, se emociona com o atendimento humanizado recebido pelo filho

Para o secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, a ação de humanização idealizada pelo HM é essencial dentro da UCI Neonatal, porque oferece tratamento precoce não farmacológico, e trabalha a questão motora, postural e respiratória do recém-nascido.

“A estimulação dos sistemas vestibular e sensório motor pela fisioterapia é essencial na tentativa de evitar prejuízos no desenvolvimento neurofisiológico do bebê, que fica internado após o nascimento”, enaltece o gestor da saúde estadual.