O Projeto Novas Letras, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), busca alfabetizar os reeducandos do sistema prisional alagoano. Por meio da iniciativa, mais de 50 pessoas já conseguiram aprender a ler.
Desde o segundo semestre do ano passado, estão sendo beneficiados custodiados da penitenciária masculina Baldomero Cavalcanti, Núcleo Ressocializador da Capital e do setor de Reintegração Social.
As aulas acontecem duas vezes por semana, durante todo ano e de forma contínua. Nos encontros, além do português, os participantes recebem aulas de matemática, com resolução de contas básicas; e de cartografia básica, para que eles consigam fazer a leitura das placas de sinalização dos locais e vias públicas.
Após ser alfabetizado, aluno é encaminhado para o ensino fundamental formal, por meio da modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA).
Com 52 anos de idade, um dos alunos do projeto Novas Letras afirmou que participar do projeto representa um renascimento.
“Este estudo, pra mim, foi como nascer de novo. Eu não sabia nem a primeira letra do meu nome e, agora, já sei escrever o meu nome completo e ler várias palavras. Nós queremos que a sociedade veja que estamos correndo atrás de fazer o nosso melhor e aproveitando uma oportunidade que não tivemos. Eu não tive estudo e, agora, com 52 anos, graças a este projeto, já consigo ler. Por isso, tenho muito a agradecer pela oportunidade”, finalizou Benedito.
Remição
A coordenadora pedagógica da supervisão de Educação da Seris, Thaisa Bandeira, relata que alguns alunos, após aprender a ler, já começam a participar de outras iniciativas de incentivo à leitura, promovidos pela pasta, como o projeto Lêberdade, que possibilita a remição por meio da leitura de obras literárias.
“O projeto Novas Letras garante aos reeducandos que não tiveram acesso ao ensino letrado fora da prisão a oportunidade de se alfabetizarem. A evolução é tão transformadora que, após a aprendizagem, o custodiado que antes não sabia ler não só consegue ler tudo o que está escrito a sua volta como também se sente apto a participar de projetos de incentivo à prática contínua da leitura, como o Lêberdade, frisou a coordenadora.
Segundo a policial penal e gerente de Educação, Produção e Laborterapia da Seris, Cinthya Moreno, o objetivo do projeto é diminuir cada vez mais o número de analfabetos no sistema prisional alagoano.
“A nossa meta é grandiosa, buscamos reduzir em cem por cento o número de analfabetos privados de liberdade em Alagoas. Pois a educação e o acesso à leitura são importantes instrumentos para a paz social”, afirmou a gerente.
A gestora também enfatizou a importância da união de forças para promover a redução do analfabetismo no estado.
“Para que o nosso trabalho siga promovendo a transformação, precisamos da participação de outros agentes de mudança nesse processo. Por isso, estamos buscando firmar parcerias com outras instituições governamentais, como as Secretaria de Estado da Educação e da Cultura, que tenham interesse em auxiliar nesta iniciativa tão importante para a nossa sociedade”, concluiu Cinthya Moreno.