Os profissionais da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS) já podem contar com um importante aliado no enfrentamento à hanseníase: o Hanscast, um podcast que tem como objetivo auxiliar no diagnóstico precoce e reduzir os estigmas ainda associados à doença.
A ferramenta faz parte de um dos eixos do Estudo clínico-epidemiológico da hanseníase em Alagoas: fatores de susceptibilidade, incapacidades físicas e estratégias tecnológicas de intervenção em saúde, coordenado pela docente do curso de Medicina do Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Carolinne de Sales Marques.
“O objetivo principal do Hanscast é promover a informação de qualidade sobre os principais temas relacionados à hanseníase, tendo como público-alvo os profissionais de saúde da atenção básica no âmbito do SUS”, explica a professora.
Antes de iniciar a gravação dos programas, a docente conta que foi feito um levantamento entre os profissionais de Alagoas a respeito das principais dificuldades enfrentadas.
“Dessa forma, priorizamos os temas mais relatados para serem discutidos nos podcasts. Para cada um dos temas, buscamos especialistas para serem entrevistados de forma a levar informação da melhor forma possível”, ressaltou.
O HansCast já pode ser acessado neste link.
A professora defende a necessidade de usar as novas tecnologias para levar conteúdo qualificado que ajude no atendimento e no combate à enfermidade.
“A proposta é levar informação para profissionais de saúde do SUS que estão atuando no cuidado da nossa população e que, por muitas vezes, desconhecem os principais sinais e sintomas da doença”, afirmou.
“O podcast é uma ferramenta de livre acesso e que pode ser expandida para outro público interessado, podendo atingir também estudantes, professores, pesquisadores e a população em geral”, acrescentou.
O projeto é financiado pelo Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) 06/2020, e se encerrará em julho de 2023.
A pretensão da professora é dar continuidade aos podcasts para seguir explorando temas atuais e relevantes.
“Esperamos levar conhecimento sobre os principais aspectos da hanseníase, contribuindo assim para o seu diagnóstico precoce, para a redução no número de novos casos na população e para a redução dos estigmas ainda associados a esta doença”.
Saúde pública
Doença infecciosa crônica, antigamente chamada de lepra, a hanseníase ainda é um grave problema de saúde pública no Brasil.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, a enfermidade “atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais, podendo acarretar danos irreversíveis, inclusive exclusão social, caso o diagnóstico seja tardio ou o tratamento inadequado”.
A doença tem cura e o tratamento é gratuito, garantido nas unidades do SUS, mas uma das principais dificuldades enfrentadas por pacientes e profissionais é, justamente, a identificação correta e precoce.
Bolsista
A estudante de Medicina do Campus Arapiraca, Samilla Cristinny Santos, é bolsista pelo Programa Institucional de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) da Ufal no projeto sobre hanseníase e atua na produção do Hanscast.
Ela fica responsável pelas entrevistas com os convidados, a gravação e toda a pós-produção dos programas.
“Nosso podcast conta com especialistas de vários lugares do Brasil, nossos encontros ocorrem de forma remota pelo Google Meet”, revela.
Ela fala sobre a experiência com o projeto. “Está sendo fantástica! É incrível como cada especialista amplia sua visão não apenas sobre o conhecimento da doença em si, mas em como isso influencia na vida da pessoa acometida pela hanseníase”.
Lívia Maria Barbosa Neves é estudante de Medicina e também atua como membro do projeto na produção e gravação do HansCast. Ela auxiliou a definir os temas abordados e a identificar os profissionais com perfil para falar sobre cada assunto, tudo isso considerando a realidade dos profissionais da saúde de Alagoas.
“Essa foi a parte mais desafiadora, pois fizemos um trabalho de detetive nas redes sociais para buscar pessoas que, no estado de Alagoas e ao redor do Brasil, já eram empenhadas na temática”, lembrou.
Diaghans
Além do podcast, a professora Carolinne e a equipe de estudantes vêm trabalhando no desenvolvimento do aplicativo Diaghans, que tem como objetivo o diagnóstico e o manejo da hanseníase.
“O módulo diagnóstico ainda não foi lançado, mas ele utilizará inteligência artificial para realizar o diagnóstico de hanseníase, bem como predizer a ocorrência de incapacidades físicas”, adiantou a estudante de Medicina, Vitória Cardoso, que atua, juntamente com as discentes Ayara Dantas e Karen Paixão, como membros do projeto por meio do Pibiti.
Para saber mais e acompanhar as atividades, acesse aqui