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Papagaios-chauá iniciam retorno à Mata Atlântica alagoana 30 anos depois

Última etapa do processo de reintrodução da espécie no estado começou esta semana, numa ação do MPAL e Usina Coruripe
Vinte papagaios-chauás chegaram à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) para um período de readaptação à natureza (fotos: Ascom MPAL)

O Plano de Ação Estadual para a Conservação do Chauá deu início, esta semana, ao processo de reintrodução ao habitat natural de 20 papagaios desta espécie (Amazona rhodocorytha) na Zona da Mata alagoana. A iniciativa é do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) em parceria com a Usina Coruripe, dentre outras instituições. As últimas ocorrências em Alagoas foram registradas há cerca de 30 anos.

Os 20 papagaios-chauá chegaram à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) para um período de readaptação à natureza. Em janeiro de 2025, eles deverão ganhar asas para viver novamente em liberdade.

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A unidade de conservação (UC) criada por iniciativa da Usina Coruripe foi a escolhida por ser área de Mata Atlântica preservada, reunindo, assim, o ambiental ideal para a futura soltura dos animais.

A espécie foi coletada em Alagoas na década de 1950 e era comum no estado. Entretanto, o desmatamento e a captura das aves para o comércio ilegal e local de animais silvestres fizeram com que o Chauá fosse funcionalmente extinto. As últimas aves foram registradas no mosaico de RPPNs do Niquim, área de mata com aproximadamente 1.000 hectares.

O Plano de Ação Estadual para a Conservação do Chauá é uma iniciativa das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, cujas atribuições são desenvolvidas pelos promotores Alberto Fonseca e Lavínia Fragoso.

“Esse é um programa executado com inúmeros parceiros, que se uniram ao MP alagoano. Temoso Instituto do Meio Ambiente, do Instituto para Preservação da Mata Atlântica, o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), O Batalhão de Polícia Ambiental, a Universidade de São Carlos, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e a Usina Coruripe”, cita Fonseca.

“É muita gente envolvida para que possa ver de volta o Papagaio Chauá voando aqui no Litoral Sul do estado de Alagoas. Ver esse início de reintrodução acontecendo muito nos orgulha”, acrescentou o promotor.

Aves vão passar por período de readaptação em viveiro dentro da mata, antes de serem soltas na natureza

Para o pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo Luiz Fábio Silveira, Alagoas deu, na terça-feira (24), um passo muito importante para a conservação da espécie.

“O fato de a gente trazer esse grupo de vinte papagaios-chauá pra cá representa, na verdade, a última etapa do processo de reintrodução. São aves que vieram de apreensão, de maus tratos, de tráfico de animais e que foram reabilitadas em SP. Então, vão ficar aqui por cerca de três, quatro meses, nesse viveiro grande e especialmente construído para recebê-las, de modo que possam fortalecer a musculatura de voo”, explicou Silveira.

“Só então, depois desse processo, já sintonizadas com a floresta, poderão ser soltas, poderão ser devolvidas à natureza para, finalmente, cumprirem o seu papel ecológico”, acrescentou.