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Hortas hidropônicas levam alimentos saudáveis a centros urbanos e favorecem meio ambiente

Em 3 anos, startup alagoana Amitis impede emissão de 464 toneladas de CO₂ e beneficia mais de 5 mil pessoas
Por meio das hortas hidropônicas, a Amitis trabalha em duas vertentes: a da complementação da merenda escolar e a geração de renda (fotos e vídeo: Severino Carvalho)

Hortas hidropônicas sustentáveis para sanar a insegurança alimentar e preservar o meio ambiente. É assim que atua a Amitis, uma startup alagoana de impacto socioambiental. Em três anos de atuação, a empresa já impediu que mais de 464 toneladas de CO₂ fossem emitidas na atmosfera e impactou positivamente mais de cinco mil pessoas com alimentação saudável e acessível.

“A gente trabalha para atenuar problemas relacionados à fome através de suas causas raízes, que são a baixa renda, a má distribuição de alimentos e o desperdício gerados na cadeia produtiva”, pontua a diretora executiva da Amitis, Liliane Vicente, que tem a irmã Lilian como sócia.

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Ela explica que para monetizar a sua operação, a Amitis vende os sistemas a empresas com responsabilidade social. Estas financiam as hortas para escolas e comunidades vulnerabilizadas. Relatórios trimestrais são produzidos para comprovar todo o impacto social e ambiental gerado pela atuação da startup.

Por meio das hortas hidropônicas, a Amitis trabalha em duas vertentes: a da complementação da merenda escolar e a geração de renda, através da venda dos cultivos. Atualmente, a startup atua em projetos instalados em Maceió, Marechal Deodoro e Rio Largo.

Foto / arte: Severino Carvalho (fonte: Amitis)

O Alagoas Notícia Boa (ALNB) foi até Rio Largo conhecer a horta hidropônica instalada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Gonçalves da Silva, no Residencial Antônio Lins, Mata do Rolo, um dos maiores do município instalado na Região Metropolitana. O público-alvo são crianças com idades de 5 a 12 anos.

Na vertente escolar, a instalação da horta tem como finalidade o complemento da merenda e a propagação da educação ambiental e alimentar, através do exemplo da própria horta. Para a instalação do equipamento, são reutilizadas garrafas PET e madeira. 

O sistema cíclico de água da horta hidropônica da Amitis possibilita que 88% do líquido seja economizado, em comparação com hortas comuns, impactando positivamente o meio ambiente.

A assistente social da escola, Ana Paula Santos Correia da Silva, conta que as crianças participam das atividades com muito entusiasmo. Elas atuam como agentes motivadores e multiplicadores do conhecimento adquirido.

“Eu acho fundamental as escolas terem esse trabalho voltado à educação e à responsabilidade ambiental; o cuidado com a natureza, a importância que a alimentação tem para o crescimento e para o desenvolvimento das crianças”, destaca Ana Paula.

Atualmente, a startup atua em projetos instalados em Maceió, Marechal Deodoro e Rio Largo (fotos: Amitis)

“A aceitação foi muito boa, tanto das crianças que participavam, quanto dos seus familiares. Outra atividade que destaco também foi a fabricação de uma horta hidropônica doméstica, onde as mães ou responsáveis participaram dessa atividade junto com os filhos”, acrescentou.

A técnica da hidroponia 

A diretora de Marketing da Amitis, Lilian Vicente, explica que a hidroponia é uma técnica de cultivo que não faz a utilização do solo para o plantio, permitindo o cultivo nas mais diferentes condições climáticas e tipos de ambiente.

“Nossas hortas possuem uma estrutura de apoio composta por madeira e garrafas PET, evitando a emissão de mais de uma tonelada de CO2 na atmosfera todos os meses após a construção, além de contribuir para a reutilização de resíduos sólidos”, cita.

Para comportar as raízes das plantas, usa-se o substrato inerte – a casca de arroz carbonizada, que evita a proliferação de pragas e doenças. São cultivados couve, rúcula, alface, tomate cereja, cebolinha e coentro.

Hidroponia permite o cultivo nas mais diferentes condições climáticas e tipos de ambiente (foto: Severino Carvalho)

De acordo com Lilian, as hortas Amitis dispõem de uma produtividade elevada em 50% quando comparadas às hortas tradicionais e não necessitam de contato direto com o solo para plantio, podendo ser aplicada em qualquer espaço físico.

“Para nutrir os cultivos introduzimos na água uma solução nutritiva composta por macro, micronutrientes e ferro, de forma adaptada para o controle da plantação. Além disso, possuímos um sistema cíclico e semiautomático de água, que economiza 88% do líquido por mês, em comparação à horta comum, gerando uma diminuição no tempo de manutenção para apenas dois dias semanais”, explica Lilian.

Reconhecimento nacional

O trabalho de impacto socioambiental da Amitis já conta com reconhecimento nacional. A startup alagoana foi a campeã, no estágio de Criação, da edição 2023 do programa de aceleração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES Garagem.

“A empresa foi reconhecida pelo Banco BNDES como o negócio que mais impactou o Brasil positivamente no ano de 2023, além de ter conquistado investimento no Shark Tank Brasil”, comemora Lilian.

Desafios no combate à fome 

A diretora executiva da Amitis, Liliane Vicente, afirma que a missão da startup é fazer com que os alimentos nutritivos e de qualidade sejam mais acessíveis a todos, sobretudo nos grandes centros urbanos, onde essa logística enfrenta gargalos.

“A gente tem dados que mostram que mais de 90% dos alimentos que são produzidos no campo acabam sendo desperdiçados no processo de transporte para as cidades. Nosso objetivo, então, é facilitar, de fato, esse acesso, fazer com que esteja disponível, principalmente para as camadas mais vulneráveis da sociedade, facilitando o processo de distribuição de alimentos nos centros urbanos”, ressalta.

De acordo com a ONU, a fome afeta atualmente cerca de 783 milhões de pessoas em todo o mundo. Essa situação se agravou com a pandemia da Covid-19, as mudanças climáticas e os conflitos bélicos. Por isso, para Liliane, o combate à fome é um desafio global.

Liliane fala dos desafios no combate à fome em escala global

“O desafio de combater a fome não é só aqui em Alagoas. A gente sabe que existem índices muito grandes aqui, mas a nível nacional e global são ainda maiores. A fome tomou uma proporção tão grande que parece que é impossível de ser combatida. É por isso que a Amitis atua nas causas raízes”, frisa.

“Toda a nossa cadeia operacional foi pensada e desenvolvida para atingir os problemas que são os causadores da fome. Então, entendendo a magnitude desse problema, a Amitis desenvolveu uma cadeia operacional para que esses dados não se agravem tanto. A gente consegue atuar na geração de renda, na distribuição de alimentos, e impedindo os desperdícios que são gerados na cadeia produtiva em até 100%, fazendo com que esses alimentos cheguem de forma facilitada e real também na mesa das pessoas alagoanas”, conclui.