O Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos e Saúde Integrativa (Grupequi), coordenado pelo professor e doutor do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Alagoas (Ufal), Pierre Barnabé Escodoro, resgatou uma égua vítima de maus-tratos em Santa Luzia do Norte, região metropolitana de Maceió. O animal foi encontrado enfraquecido à beira de uma estrada, na noite de quarta-feira (30). Estava com os tendões das patas dianteiras rompidos e, por isso, não conseguia ficar de pé.
Nessa quinta-feira (01), o Grupequi conseguiu fazer o transporte da égua para o ambulatório, localizado em Viçosa, onde recebeu atendimento veterinário, fez exames e teve duas talas instaladas nas patas, que a possibilitaram ficar de pé e se alimentar normalmente.
“Aí está a nossa Guerreira com a tala, comendo em pé, em um ambiente melhor do que o de ontem à noite”, comemorou o professor Pierre Barnabé, que assim a “batizou’, após sobreviver aos maus-tratos a que foi submetida.
O professor e a equipe dele foram acionados pelas redes sociais, após o caso ser noticiado pelo perfil do Maceió Ordinário, no Instagram. Ele se deslocou a Santa Luzia do Norte, ainda na noite de quarta-feira (30), para fazer os primeiros atendimentos ao animal que, segundo denúncias, agonizava há três dias, abandonado após uma cavalgada.
“A gente viu a situação da égua. Não era uma situação boa: desidratação, ruptura tendínea aparente e evidente em dois membros, nítido de submissão de animal à exaustão e maus-tratos. Ela não conseguia se manter em posição quadrupedal, ou seja, em pé”, recordou.
Diante do quadro, a eutanásia era uma das medidas terapêuticas que poderiam ser adotadas naquele momento. Salvar o animal parecia quase impossível, mas Guerreira lutava pela vida e isso tocou os integrantes do Grupequi.
“Ela se mantinha deitada, caquética, mas ainda com apetite e com vontade de viver. Isso nos chamou muita a atenção”, contou Pierre Barnabé.
Transporte
Com a ajuda do delegado de Polícia Civil, Leonan Pinheiro, e da Prefeitura Municipal de Santa Luzia do Norte, o Grupequi fez o transporte da égua para Viçosa, onde se recupera bem. Segundo o professor, o animal possui cerca de 7 anos e aproximadamente 320kg.
“Ela vai ficar lá em terapia: fazendo exames de ultrassom, raio-X; exames sanitários e, uma vez liberada da parte infecciosa, vai passar por toda uma triagem, que deve demorar de 90 a 120 dias para, só então, ser liberada a um pasto e viver normalmente”, pontuou o professor, observando que para que isso ocorra, a égua precisa estar livre da Anemia Infecciosa Equina e Mormo, doenças que obrigam, por lei, que o animal seja submetido à eutanásia.
“É sempre bom lembrar que ela está passando agora por exames sanitários e todo equino tem um programa de sanidade nacional. A gente está esperando os exames (os resultados) dela para dar continuidade ao tratamento. Vamos aguardar e o que puder fazer de bom pra ela, a gente vai fazer”, assegurou o professor.
Pierre Barnabé espera que o autor dos maus-tratos seja identificado e punido com base na Lei 14064/2020.
“Esse é um momento crucial, em que vivemos ainda maus-tratos, esse tipo de atrocidade, mas que, a cada dia mais, vemos a sensibilização da sociedade. A gente vem, dentro da Ufal, trabalhando muito com a temática ‘One Health’, ou seja, a saúde única. Eu não consigo criar uma sociedade sustentável dentro dos objetivos de desenvolvimento sustentável – das ODS – sem conectar a vida humana, a vida animal, a vida vegetal e o meio ambiente”, ensina o professor.