Novas tecnologias, inovações e muitas experiências em pesquisas do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) estão sendo apresentadas em Brasília, na Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Até este domingo (22), o evento reúne cerca de 50 instituições, que debatem o futuro da educação profissional e apresentam ao público quase 300 projetos.
A equipe de gestão do Ifal acompanha as atividades. Sete projetos da instituição são apresentados nos estandes. As iniciativas envolvem tecnologia assistiva, de produção, atividade física e sustentabilidade, economia solidária, economia de energia e segurança, educação e mercado de trabalho.
Projeto Enxerga
A partir de pesquisas, foi criado um equipamento que realiza a leitura de textos para pessoas com deficiência visual e analfabetos. Um celular tira uma foto do papel, que converte a imagem em texto e depois em voz, por meio de inteligência artificial.
O projeto começou a partir da pesquisa do então estudante de Informática do Campus Maceió, Adriel Davi.
“Ele estava fazendo um software para o desenvolvimento de OCR, que é transformar a imagem em texto. E aí, conversando com ele, vi que poderia ser utilizado para pessoas com deficiência visual e para analfabetos”, contou o professor orientador Edison Camilo.
O projeto foi submetido ao edital do Ifal do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, o Pibiti. As atividades são coorientadas pelo professor Rogério Fernandes e contam ainda com a participação dos estudantes Iris Mayara, José Alan, Roberto Ferreira, Vitória Taynara e Amanda Gusmão.
De acordo com o professor Edison, a solução em tecnologia assistiva tem o objetivo de proporcionar maior autonomia, acesso à informação e integração social. Um teste foi feito com um estudante com deficiência visual do Ifal. O equipamento ainda está sendo aperfeiçoado.
“A gente ainda tem um período para desenvolver várias tarefas elencadas nesse projeto, com o intuito de transformá-lo em uma versão para disponibilizar para a sociedade”, antecipou o docente. O projeto Enxerga também foi apresentado no Rio Innovation Week, no começo de outubro, no Rio de Janeiro.
Projeto Peneira
Uma palestra sobre segurança do trabalho envolvendo a comunidade das marisqueiras foi o ponto de partida do projeto Peneira. O professor de Eletrotécnica do Campus Maceió, Allisson Silva, contou que ficou surpreso com as informações que relatavam o sofrimento dos envolvidos nas atividades.
A partir de então, ele começou a pesquisar sobre as etapas da cadeia produtiva do sururu.
“Teve uma fala, em uma das reportagens que eu vi, de um garoto que não ia para a escola há quatro anos. Isso acabou pesando muito para começar pela peneira, que é uma atividade basicamente ocupada por mulheres e crianças, então, influencia muito a evasão escolar”, explicou o professor, que coordena o projeto.
O protótipo foi desenvolvido para ser utilizado como uma peneira de baixo custo, que descasca o sururu.
“As estruturas são de portas do Ifal Maceió, o acrílico que tem nela são de barreiras utilizadas durante a pandemia, que quebraram. Então, a gente reutilizou os pedaços, e, posteriormente, foi colocado um variador de velocidade, para ajustar de acordo com a quantidade de sururu”, detalhou o professor.
O projeto foi aprovado no edital das Oficinas 4, em 2021, com os estudantes Kamilly dos Santos, Vitória Lopes, Livia Luna, João Souza e Sheldon da Silva. Depois foi aprovado no edital do Pibiti de 2022, com Bianca dos Santos, e renovado no edital do Pibiti deste ano, com Nícolas Cordeiro.
Em abril do ano passado, o professor Alisson levou os estudantes a uma visita técnica para conhecer de perto a cadeia do sururu, na beira da lagoa, em Maceió.
“Essa visita fez uma diferença enorme, todos ficaram com uma vontade imensa de trabalhar, se solidarizaram com a situação precária, e viram toda a dificuldade. Eles passaram a ter uma vontade grande de participar e poder contribuir para melhorar a cadeia produtiva”.
Os próximos passos do grupo é aperfeiçoar o protótipo.
“A gente está tentando conseguir um financiamento, uma forma de acelerar o projeto para a migração de materiais que atendam as exigências das resoluções da Vigilância Sanitária. Melhorias para serem aplicadas também a outros tipos de mariscos, como maçunins e mexilhões”, finalizou o professor.
Projeto Pedal Energy
Atividade física e sustentabilidade se destacam no projeto Pedal Energy. Bicicletas são expostas em um local público para produzir energia limpa, que é armazenada em um pequeno gerador e utilizada para aplicações coletivas.
A ideia sustentável tem o intuito de promover conscientização ambiental e ainda realiza uma experiência interativa para os participantes, com a prática de atividade física, que contribui para a melhoria da saúde.
O coordenador do projeto, professor Alex Aguiar, do Campus Coruripe, contou que a primeira experiência foi feita na instituição, no Dia do Estudante, com 15 bicicletas, que produziu energia para máquinas de algodão doce, pipoqueiras e possibilitou o uso do sistema de iluminação e de som, com a exibição de vídeos.
“Esse projeto tem uma capacidade total de 40 bicicletas e mais de 500 metros de LED. Aqui a gente está fazendo com 20 bicicletas e usando 100 metros”, detalhou o professor, referindo-se ao estande em Brasília.
Também participam da iniciativa os professores Wisnner Franklin Silva e Natasha Gomes; o colaborador técnico Adriano Fonseca e os estudantes José Carlos da Silva, Júlio César Oliveira, Maria Gledsa Silva e Anna Luiza de Souza.
E para montar os equipamentos, na Semana da EPT, também estão em Brasília os servidores Raimundo Neto, Lucrécio Santana, Wagner Fonseca, Jéferson Araújo e Brunno Lira.
Projeto Ifal Ecosol
A Ifal Ecosol, a Incubadora Tecnológica de Economia Solidária, foi criada em julho deste ano, a partir da vontade de servidores em trabalhar com empreendimentos associativos e iniciativas de desenvolvimento local no âmbito da economia solidária.
Economia solidária é um conjunto de atividades econômicas, uma alternativa para a geração de trabalho e renda, com base na cooperação e a favor da inclusão social.
A Ecosol possui seis núcleos, nos campi Maceió, Marechal Deodoro, Satuba, Viçosa, Arapiraca e Batalha. São cerca de 15 servidores envolvidos e mais de 40 estudantes bolsistas. O coordenador do projeto, o professor Diogo Rego, do Campus Viçosa, apresenta o projeto em Brasília, com a estudante Ana Luíza Cavalcante.
Ele explicou que a Ecosol também se articula em rede com outros servidores e incubadoras que trabalham com a economia solidária na Rede Federal e desenvolve ações de incubação por meio de fomento, da capacitação técnica, tecnológica e profissional, e ainda, possibilitando a articulação entre pesquisadores, estudiosos e trabalhadores.
“Já tem mais de 620 projetos de ensino, pesquisa e extensão mapeados”, contou o professor, em relação às iniciativas relacionadas à economia solidária na Rede Federal, um passo considerado importante para fortalecer a geração de trabalho e renda, promovendo a inclusão social.
Durante a Semana Nacional da EPT, o assunto também foi tema de uma mesa de debates.
Projeto Plug Pin
A preocupação com choques elétricos e incêndios causados pela sobrecarga elétrica levou pesquisadores do Campus Palmeira dos Índios a desenvolverem o protótipo de smart meter para controle e monitoramento remoto de consumo de energia elétrica em residências.
O protótipo, de baixo custo, foi pensado para que famílias de baixa renda possam realizar o consumo racional de energia elétrica, evitando acidentes domésticos.
O projeto é orientado pelo professor José Torres Neto e conta com a participação dos estudantes Alan Soares da Silva, Saulo Almeida Silva, Mariana Lorrany Dos Santos e Luana Moura Santos.
De acordo com o professor, a partir dos equipamentos levados para a Semana da EPT, foram feitas análises de dados elétricos de eletrodomésticos e do consumo de energia elétrica em tempo real.
O protótipo também permite ligar e desligar equipamentos elétricos por meio da plataforma e acompanhar o desligamento automático deles com a ocorrência de anomalias na rede elétrica, evitando a danificação permanente do eletrodoméstico.
Projeto Cronos 4.0
O projeto Cronos 4.0 foi aprovado no edital nº 83/2022 da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, com o apoio do Instituto Federal do Espírito Santo.
“A utilização de jogos em sala de aula facilita a retenção e compreensão do conteúdo por parte dos alunos. Diante disso, o projeto propõe a construção de dispositivos para a utilização em sala de aula, em atividades de gamificação, incluindo ‘quizes’, jogos de perguntas e respostas, gincanas, entre outros”, contou o professor Charles Bronson, orientador do projeto.
As atividades reúnem uma equipe multidisciplinar de alunos de cursos técnicos e superiores do Campus Maceió, formada por: Alberto Cesar da Silva, Amanda Albuquerque Odo, Felipe Gabriel dos Santos, Giovanna de Amorim Santos, Livia Vitoria Rocha, Davidson Rogério de Aguiar e Raissa Cunha.
O grupo está na primeira versão do dispositivo, que neste primeiro momento prioriza o custo e a facilidade de construção. Ainda neste mês de outubro deve ser feito um teste em sala de aula e, depois disso, a equipe pretende lançar uma versão com mais recursos.
Observatório do Mundo do Trabalho
Idealizado e executado pela Pró-Reitoria de Extensão do Ifal, o projeto Observatório do Mundo do Trabalho reúne em um portal as oportunidades para estudantes e egressos da instituição.
São divulgadas vagas de estágios, empregos e programas de trainee e residência. As empresas também têm acesso ao banco de talentos do Ifal.
De acordo com dados da chefe do Departamento de Extensão, Estágios e Egressos, Dilliani Oliveira, em 2023 foram firmados 171 convênios para estágios e, em 2022, 2262 estudantes do Ifal conseguiram realizar estágios.
O departamento também realiza uma pesquisa para saber informações dos estudantes que passaram pela instituição, por meio do acompanhamento de egressos. Mais informações no Observatório do Mundo do Trabalho.