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Cartilha sobre política de águas é elaborada para alunos surdos

Material educacional adaptado foi desenvolvido pelo técnico administrativo da Ufal, Lenin Costa, durante mestrado no Ifal
Lenin Costa: “O foco foi auxiliar os alunos surdos, facilitando o entendimento da lei”

O técnico administrativo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Lenin Costa desenvolveu uma cartilha para alunos surdos sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela lei 9.433/97. O produto educacional foi elaborado durante o seu mestrado profissionalizante no Instituto Federal de Alagoas (Ifal).

O que motivou Lenin Costa a desenvolver o material foi justamente a falta de escritos adaptados ao público surdo.

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“Essa lei faz parte da grade do curso técnico de nível médio integrado em Meio Ambiente, ofertado pelo Ifal em Marechal Deodoro. Na época, estudavam dois alunos surdos. Uma pesquisa com eles constatou que não existia material adaptado para auxiliá-los. Assim, em conjunto com minha orientadora, professora Ana Paula Fiori, foi tomada a decisão de preparar um recurso que ajudasse no processo de aprendizagem”, relatou.

Uma demanda real, constatada localmente, rendeu uma cartilha que vai ajudar a muitos outros estudantes surdos. “O foco foi auxiliar os alunos surdos, facilitando o entendimento da lei”, acrescentou.

O material pode ser acessado na plataforma EducaCapes.

Apoio

Além da orientação e da experiência da professora Ana Paula que, na época, ensinava os alunos surdos, o trabalho realizado por Lenin no Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) contou com a participação da intérprete de Libras do Ifal, Angélica Cordeiro.

“Essa colaboração foi importantíssima para adaptar o conteúdo”, destaca o servidor da Ufal.

Angélica lembra que, ao receber o convite para participar, encarou como um “desafio por nunca ter feito algo parecido”. A missão foi aceita e ela comemorou o resultado.

“Foi bem proveitoso e gratificante ter participado e poder ter contribuído com o projeto proposto”, destaca.

A Língua Brasileira de Sinais, de acordo com a lei 10.436/2002 , não pode substituir a modalidade escrita da língua portuguesa, mas isso não impede a elaboração de materiais adaptados.

Trabalhando diariamente com a tradução para a comunidade surda, Angélica sabe bem da importância de conteúdos voltados para a necessidade desse público.

“O ideal para os surdos é que a abordagem seja na língua-mãe, no caso, libras, pois torna a compreensão mais fácil e de total acessibilidade à comunidade quando for fazer o uso do material”, enfatiza.

Barreiras

Apesar dos avanços significativos proporcionados pela lei 10.436/2002 , que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão da comunidade surda, ainda são muitas as barreiras que impedem esse público não só do simples ato de se comunicar, mas também de ter acesso ao conhecimento, sobretudo, o escrito.

Mesmo sendo alfabetizado em língua portuguesa, é em libras que o surdo entende e se comunica melhor. Para a comunidade surda, esse código linguístico, com suas regras próprias, é a língua-mãe.

A lei 10.436/2002 completa 20 anos neste mês de abril. A legislação estabelece, por exemplo, a obrigatoriedade de intérpretes nas instituições federais de ensino, dando a visibilidade necessária para as pessoas surdas.