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Canoa de tolda Luzitânia vai ser restaurada pela Ufal em Penedo

Embarcação, que transportava até 250 sacos de 60 kg e e já foi usada por Lampião, está guardada na cidade de Traipu
Em imagem de arquivo, canoa de tolda Luzitânia nevega pelas águas do Rio São Francisco

A canoa de tolda Luzitânia, embarcação tombada pelo Patrimônio Nacional, vai ser restaurada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em Penedo. A embarcação, que já serviu meio de transporte para Lampião, está guardada no município de Traipu, no Baixo São Francisco.

A Ufal foi selecionada formalmente pelo Iphan, por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED) para execução técnica do projeto, com coordenação geral do professor Igor da Mata e apoio operacional do professor Rômulo Pires, do curso de Engenharia de Pesca.

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“Essa escolha nos enche de orgulho, considerando que se trata de uma verdadeira joia do patrimônio naval e cultural do Brasil. É a primeira embarcação tombada como patrimônio nacional”, ressaltou o professor Igor da Mata.

As canoas de tolda eram símbolo do poder econômico do Rio São Francisco. As embarcações feitas de madeira por mestres artesãos locais, eram adaptadas para navegar o rio, entre o sertão nordestino e a foz, transportando mercadorias como arroz, queijo, leite, querosene e gasolina.

Com capacidade de levar até 250 sacos de 60 kg e 22 passageiros, a Luzitânia é uma remanescente herdeira da barcaça costeira, utilizada tradicionalmente na costa norte da Alemanha e nos Mares Bálticos durante os séculos 16 e 17.

A canoa de tolda foi crucial para a integração do São Francisco. “Até onde sabemos, não existe outro exemplo no mundo que demonstre tamanha convergência cultural, além de uma adaptação tão eficiente de tecnologia naval tradicional”, destacou o professor.

As canoas de tolda foram substituídas pelos barcos a motor e o transporte rodoviário depois das mudanças ocorridas no rio ao longo dos últimos cem anos, incluindo a construção de barragens e hidrelétricas e, mais recentemente, a transposição.

A Luzitânia chegou a naufragar, enquanto passava por reformas, em 2022. Desde então, um processo judicial movido pela Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco – Canoa de Tolda, resultou na posse do Iphan para resgatar a Luzitânia.