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Áreas protegidas fortalecem resistência dos corais contra eventos extremos

É o que aponta pesquisa financiada pela Fapeal, que estuda efeitos biológicos e ambientais em recifes de Alagoas
Uma das frentes futuras do estudo é o projeto “Corais de Alagoas”, dedicado à criação de berçários para corais resistentes ao calor (fotos: Agência Alagoas)

O estudo “O papel de áreas marinhas protegidas para recifes de corais sujeitos a multimpactos: uma abordagem empírica”, foi conduzido por Ricardo Jessouroun e coordenado por Robson Guimarães. O trabalho analisou os efeitos biológicos e ambientais em recifes de corais de Alagoas e como as áreas de proteção podem mitigar esses impactos.

A investigação, desenvolvida dentro do Programa de Pós Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (PPG-DIBICT) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), identificou que os principais fatores a afetarem os recifes são as ondas de calor, o branqueamento dos corais, a poluição marinha e a sobrepesca.

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Segundo Ricardo Jessouroun, as áreas marinhas protegidas não impedem os impactos globais das mudanças climáticas, mas são essenciais para fortalecer a resistência dos recifes, tornando-os mais aptos a se recuperarem desses eventos extremos.

Com a finalização das pesquisas ainda neste mês, os resultados preliminares indicam que, apesar das áreas protegidas apresentarem uma biodiversidade mais rica e uma cobertura coralínea maior, os eventos climáticos extremos ainda causam impactos significativos.

Estudo “O papel de áreas marinhas protegidas para recifes de corais sujeitos a multimpactos: uma abordagem empírica”, foi conduzido por Ricardo Jessouroun

Algumas regiões apresentaram taxas de mortalidade de corais superiores a 90%. “Agora, estamos analisando a capacidade de recuperação dessas áreas e buscando formas de promover sua restauração”, explicou o coordenador.

Uma das frentes futuras do estudo é o projeto “Corais de Alagoas”, dedicado à criação de berçários para corais resistentes ao calor, com o objetivo de repovoar áreas degradadas. Essa iniciativa também conta com o apoio do Governo de Alagoas, em parceria da Fapeal e da Secretaria de Turismo de Alagoas (Setur).

Outro ponto abordado pelos pesquisadores é a necessidade de um turismo mais consciente.

“Não se trata de excluir as pessoas desses ambientes, mas sim de regular as atividades para minimizar os impactos. A educação ambiental e a fiscalização são fundamentais para garantir a sustentabilidade das atividades turísticas”, destacou Ricardo Jessouroun.

Apoio da Fapeal

A pesquisa desenvolvida por Ricardo Jessouroun é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). De acordo com o bolsista, a abordagem financiada foi essencial para obter respostas concretas sobre a saúde dos corais e os impactos sofridos.

“A pesquisa empírica nos permite estar no local, observando os organismos em suas condições naturais e avaliando como eles reagem ao ambiente. Dessa forma, conseguimos propor ações práticas para gestão, manejo e conservação desses ecossistemas”, explicou ele.

O pesquisador reforça que os corais são organismos vivos essenciais para a biodiversidade marinha e a vida humana.

“Os corais são animais que formam recifes ao longo de centenas de anos. Eles fornecem abrigo e alimento para diversas espécies marinhas, sustentando ecossistemas inteiros. Além disso, desempenham um papel importante na economia, principalmente por meio do turismo e da pesca”, destacou Jessouroun.

Desafios

Conduzir uma pesquisa em ambiente marinho apresenta diversos desafios próprios do local. O pesquisador e seu coordenador destacaram a complexidade do trabalho de campo, que envolve equipamentos especializados, mergulho autônomo e análises laboratoriais complexas.

Corais são organismos vivos essenciais para a biodiversidade marinha e a vida humana

“A bolsa da Fapeal foi indispensável para viabilizar a pesquisa, porque o apoio financeiro possibilitou desde o pagamento de equipamentos e softwares específicos, até a manutenção do laboratório e análises de amostras”, ressaltou Ricardo Jessouroun.

O recurso se deve ao Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores, uma parceria entre a Fapeal e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Programas como esse são fundamentais para atrair pesquisadores qualificados e permitir que eles desenvolvam estudos com impacto socioambiental significativo. No caso do Ricardo, seu trabalho traz dados que podem ser utilizados para traçar estratégias mais eficazes na gestão das áreas marinhas protegidas”, afirmou Robson Guimarães.