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Aluno com deficiência cerebral forma-se técnico em Desenvolvimento de Sistemas

Magno Luiz venceu as dificuldades e concluiu o estágio, contando com o suporte do NAPNE, núcleo do Ifal Maceió
Magno Luiz formou-se como técnico em Desenvolvimento de Sistemas pelo Ifal Maceió (fotos: Ascom Ifal Maceió)

Magno Luiz Januário da Silva tem múltipla deficiência no cérebro, causada por falta de oxigenação no momento do parto. As funções dos seus membros superiores, inferiores e sua oralidade ficaram comprometidas. A parte cognitiva do estudante, entretanto, se manteve preservada, sem comprometer sua formação.

Com o apoio dos profissionais do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne), ele pôde estudar e concluir o curso de Desenvolvimento de Sistemas pelo Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Campus Maceió.

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“Todo dia pegávamos o ônibus de Rio Largo. Podia estar muito calor, chovendo ou o ônibus parar distante, fora do ponto… Na pandemia, ele era o primeiro a aparecer na frente do computador. E aqui no Ifal, os professores e o Napne sempre o respeitaram, apoiaram e incentivaram”, recordou, emocionada, Maria do Carmo, mãe do agora técnico em Desenvolvimento de Sistemas Magno Luiz, concluinte do curso Integrado no Ifal Maceió.

Estágio

Magno não só obteve êxito nas provas e atividades ao longo do curso, como concluiu estágio na escola Genilda Porto, da Associação Pestalozzi de Maceió, oportunidade na qual teve contato com técnicas de programação.

“Magno tem suas funções cognitivas preservadas, mas movimentos e a comunicação comprometida. O seu aproveitamento no curso se deu por conta de adaptações nos instrumentos avaliativos, com 100% das questões objetivas, em que ele respondia a alternativa correta ou nos dava comandos faciais de sim ou não”, explica o professor Max Charridy, coordenador no Napne.

“Tanto é que a gente até brincava que ele é o nosso Stephen Hawkings (físico e astrônomo britânico) aqui do campus Maceió. Pois embora tenha limitações físicas, ele é muito inteligente, teve um aprendizado normal, passando, claro, por adaptações e pelo suporte de um auxiliar do Núcleo”, acrescentou.

O coordenador do Napne destaca que, nas questões de Matemática, por exemplo, era necessário um prazo maior para que Magno respondesse às provas: cerca de três dias.

“Nestes casos, várias estruturas de cálculos e equações eram previamente armadas para que ele escolhesse a alternativa correta. Pausa e descanso para aliviar a carga de energia mental foram muito necessários, e essa adaptação também foi totalmente necessária para possibilitar que Magno concluísse o curso”. 

Avanços e inclusão

Para auxiliar o ingresso de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, o coordenador Max Charridy destaca que o Napne faz o acompanhamento e uma busca ativa de oportunidades de estágio para os estudantes, em ambientes profissionais adequados e adaptados às necessidades específicas de cada um.

“No momento adequado do curso, entendemos que o período do estágio é importante pois ele pode gerar possibilidades futuras tanto para o aluno que está ali como para a empresa, com o perfil mais inclusivo, de acolher um aluno ou profissional com deficiência”.

Cerimônia de formatura de Magno Luiz emocionou a todos

Emocionado com a conclusão do curso, o diretor do campus Givaldo Oliveira afirmou que a certificação de Magno foi um presente para o Ifal Maceió, que neste ano completa 115 anos de existência.

“É um privilégio sem igual para nosso Instituto, que neste ano completa 115 anos de presença em Alagoas, presenciar um avanço como este. Além das limitações naturalmente existentes, a jornada de Magno começou no período da pandemia, em não houve desânimo ou desistência. Esta certificação, além de um presente para nós, é um símbolo valioso de perseverança e força e dos avanços e inclusão que vivemos no Instituto, sobretudo, pela qualidade dos profissionais do Napne”.

O coordenador do curso de Desenvolvimento de Sistemas, Augusto César, destacou a certificação como um momento ímpar e gratificante. A cerimônia foi realizada na terça-feira (2).

“É uma alegria imensa perceber o quanto é importante acreditar no processo e caminhar um pouco mais a cada passo. Fui professor de programação na turma do Magno, passamos pelo desafio de nos adaptarmos para a inclusão, mas hoje posso dizer que muito mais aprendemos com ele do que ele conosco”.

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