Em dez anos, o faturamento do mercado de flores e plantas ornamentais no Brasil teve um crescimento 127%, saltando de R$ 4,8 bilhões, em 2012, para R$ 10,9 bilhões em 2021, quando o setor registrou elevação de 15%. Os números são do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).
A alta foi verificada principalmente durante a pandemia, quando, por causa do isolamento social, as pessoas tiveram de passar mais tempo dentro de casa e buscaram transformar o lar num ambiente mais agradável, por meio das flores.
Apesar do cenário nacional favorável e de reunir as condições climáticas ideais para o cultivo de plantas ornamentais e flores temperadas, Alagoas participa timidamente, como produtor, desse mercado lucrativo. A maior parte da produção consumida no estado vem de outras regiões do país, principalmente do Sudeste.
Para mudar esse cenário e incentivar a produção local de plantas ornamentais e flores temperadas, o Sebrae deu início a um projeto-piloto no município de Viçosa, a 86 km de Maceió, em parceria com a Prefeitura.
Após estudo técnico, foram prospectados cerca de 20 produtores, que estão recebendo assistência técnica, situados em comunidades rurais, a exemplo da Dourada, da Pedra de Fogo e do Tangil, bem como da região periurbana.
Eles participaram, na quinta-feira (2), do Seminário de Plantas Ornamentais, semente lançada para que a iniciativa floresça e se ramifique regionalmente, tornando Alagoas um polo produtor não só par atender o mercado interno, mas para todo o Nordeste.
“Hoje, basicamente, Alagoas é importadora de todo tipo de planta para o segmento de paisagismo e na floricultura não é diferente: parte das plantas e flores vem da região Sudeste, principalmente da região Holambra (SP). O papel do Sebrae é exatamente estimular a produção de plantas ornamentais, de flores. É uma área que gera muito emprego e renda. Trata-se de um mercado no Brasil que vem crescendo de forma muito forte”, disse o diretor técnico do Sebrae Alagoas, Keylle André.
“Na verdade, a gente não precisa de grandes produtores, mas de pequenos, com uma diversificação de produtos própria para região a fim de atender o mercado não só de Alagoas, mas também do Nordeste”, acrescentou.
Potencial
Naomi Tamada, da Tamada Plug Plant, foi uma das palestrantes do Seminário, que teve como tema “Semeando bons negócios”. Ela destacou o potencial de Alagoas para a produção de plantas ornamentais e de flores temperadas, sobretudo da região de Viçosa, no Vale do Paraíba.
“Em relação à produção aqui em Alagoas, eu acredito que seja promissora porque a maioria das plantas chega de São Paulo. O incentivo à produção local tende a agregar muito na prosperidade da própria região. Eu apoio e parabenizo essa ação, porque o incentivo dos órgãos municipais, junto com o Sebrae Alagoas, vai capacitar as pessoas, sobretudo os pequenos produtores, os produtores familiares”, destacou Naomi.
O Seminário também contou com a palestra do especialista em flores e design floral Jab Pasollini. O consultor foi outro que destacou o potencial produtor da região e do mercado de flores em âmbito nacional.
“Trata-se de uma grande fonte de renda. O Brasil é um grande produtor de flores, mas o que nós temos de fazer é aumentar esse consumo. E aqui, essa região, é propícia para a produção de flores temperadas. É o que a gente vai trabalhar aqui, que são as gérberas, tango, rosas, áster, crisântemo, enfim, essas flores que o pessoal tem mais carinho, são sensíveis, mas que com esse clima daqui vão durar muito mais”, ressaltou Pasollini.
Estudo
Para iniciar o projeto, Sebrae e a Prefeitura de Viçosa fizeram um estudo técnico sobre o clima. Foram avaliadas características como altitude, solo e índice pluviométrico.
“A gente começa por Viçosa pelas condições climáticas. Flores temperadas precisam de altitude e Viçosa tem as condições ideais para isso. A gente vai fazer de Viçosa um polo (produtor), mas, obviamente, podemos pegar outros municípios aqui do entorno, como Paulo Jacinto, Mar Vermelho”, revelou o diretor técnico do Sebrae Alagoas.
Dando seguimento ao cronograma, foi realizado o levantamento dos produtores situados em Viçosa.
“A partir do estudo, verificou-se que havia possibilidade de se produzir plantas ornamentais (temperadas), a exemplo do tango, do crisântemo, da crista de galo”, pontuou a zootecnista Analice Bomfim, da Secretaria Municipal de Agricultura.
“Após o Seminário, será feito o fornecimento das mudas. Os produtores receberão visitas técnicas e gerenciais dos consultores do Sebrae e da Secretaria Municipal de Agricultura, que levarão informações sobre manejo, tratos culturais, pós-colheita e comercialização. Daremos assistência continuada”, acrescentou Analice.
“Estamos dando o pontapé inicial para um grande projeto de plantas ornamentais, pioneiro no estado de Alagoas. Em parceria com o Sebrae, vamos fazer todo um trabalho e um planejamento, fechando a cadeia produtiva, seja ela na produção de mudas até a comercialização. E a mão de obra familiar é quem vai tocar o negócio”, anunciou o prefeito de Viçosa, João Victor, que participou do Seminário.