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Adotante do RJ consegue a guarda de 3 irmãos em abrigo de Maceió

Pablo, Luan e Ian saíram do Abrigo Institucional Acolher e agora moram em Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro
Meninos adotados viajaram de avião para o RJ, onde já estão estudando (foto: divulgação)

O funcionário público Jair Pereira conseguiu a guarda provisória dos meninos Pablo, Luan e Ian, de 10, 11 e 12 anos. Eles estavam acolhidos no Abrigo Institucional Acolher, em Maceió, e agora moram com o adotante na cidade de Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro.

As chances de crianças com essa faixa etária serem adotadas é reduzida em relação a crianças menores.

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“Quando vai se habilitar, o casal diz qual o perfil de criança que deseja, e o perfil idealizado pela grande maioria é de bebês. Até 5 anos, a gente tem muita facilidade de conseguir um casal ou uma pessoa que queira adotar. A partir daí, de seis, sete em diante, é bem difícil”, relata a juíza Fátima Pirauá, titular da 28ª Vara da Infância e Juventude de Maceió e responsável por esse processo de adoção.

A juíza aponta que há cerca de 300 pessoas ou casais de Maceió cadastrados no Sistema Nacional de Adoção. Mas outra questão que dificulta a concretização de adoções como a de Pablo, Luan e Ian é o fato de se tratar de um grupo de irmãos, pois o direito à convivência entre eles deve ser preservado.

“É muito complicado que a gente consiga um adotante que queira tantas crianças”, observa Pirauá.

Uma alternativa à adoção de todos por uma única família é quando há famílias que moram próximas e estão interessadas nos irmãos.

“A gente faz uma analogia com a guarda compartilhada, a adoção compartilhada. São dois casais, por exemplo, que se conheçam, que morem em bairros próximos, e que aceitem adotar separadamente os irmãos, mas que não deixem eles perderem o vínculo. As famílias ficam se encontrando e as crianças crescem juntas”, explica a juíza.

Estágio de convivência

Desde agosto, Jair mantinha contato com os meninos por videoconferência. A concessão da guarda provisória ocorreu em 30 de setembro. A partir de agora, há ainda um período de 90 dias de “estágio de convivência”, em que o relacionamento entre adotante e adotados será acompanhado pela Justiça do Rio de Janeiro, nesse caso.

“A adoção é irrevogável. Depois que é prolatada a sentença de adoção e um novo registro é feito, não é possível voltar atrás. Passa a ser filho com todos os direitos e todos os deveres. Então tem que ter um período para ver se o vínculo afetivo se fortalece e a convivência está sendo benéfica para a criança”, afirmou Fátima Pirauá.

Campanha

A magistrada destacou a importância da Campanha Adoções Possíveis, da Diretoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Alagoas, que consiste na divulgação de textos e vídeos sobre crianças e adolescentes abrigadas em instituições.

Nas produções, é possível conhecer um pouco da personalidade dos meninos e meninas.

“As adoções de crianças de uma idade mais avançada acontecem normalmente depois que os adotantes veem o vídeo. A pessoa vê o vídeo e se interessa pela fala e o jeito das crianças. Saber o que elas gostam, os sonhos delas, faz você criar uma empatia”.