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“A passagem do Carlinhos por aqui nos deixou coisas muito boas”

Declaração de Júnior Almeida sintetiza o sentimento da classe artística sobre o cantor e compositor alagoano Carlos Moura
Alagoano de Palmeira dos Índios despontou para o sucesso com músicas como “Minha Sereia” e “Rosa de Sol”, que dava nome ao disco lançado em 1982 (foto: Severino Carvalho)

“A passagem do Carlinhos por aqui nos deixou coisas muito boas”. A declaração do musicista Júnior Almeida sintetiza muito bem o sentimento de toda a classe artística sobre o cantor e compositor alagoano Carlos Moura, que morreu nessa terça-feira (6), aos 73 anos de idade, em Salvador (BA), onde morava.

O alagoano de Palmeira dos Índios despontou para o sucesso com músicas como “Minha Sereia” – considerada o hino não oficial de Maceió -, e “Rosa de Sol”, que dava nome ao disco lançado em 1982.

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“Ele foi o compositor que nos deixou um hino, né? Um hino natural para a cidade: ‘Maceió, Minha Sereia’, aquele que não é encomendado, que não é feito oficialmente, mas que se torna pela vontade das pessoas, pelo gostar das pessoas”, destaca Júnior Almeida.

No ano seguinte, em 1983, Carlos Moura lança “Água de Cheiro” e emplaca clipe no Fantástico, da Rede Globo de Televisão, com a música “Cometa Mambembe”.

“Ele chegou a frequentar praticamente todas as emissoras de televisão da época, inclusive programas com a “Parada de Sucessos”, como o “Globo de Ouro” e o “Geração 80”, ambos da Rede Globo”, destaca o radialista Givaldo Kléber.

Carlos Moura tinha 73 anos de idade e morava em Salvador (foto: reprodução / Secom Maceió)

Júnior Almeida afirma que Carlos Moura tornou-se inspiração para a geração dele, a exemplo de Djavan e Hermeto Pascoal.

“Foi um artista que eu conheci já fazendo sucesso com Minha Sereia. Pra gente, na época, que desejava entrar na música, entrar nesse mundo, o Carlos Moura era uma inspiração por ser um artista daqui, por ser uma possibilidade de realização”, conta.

O canal no YouTube do músico Nélber Jatobá, que tocou com Carlos Moura em “Os Bárbaros”, mostra o clipe de “Cometa Mambembe”, exibido pelo Fantástico em 1983.

“Conforme informações do próprio Carlos Moura, na hora da exibição ele não pôde curtir o clipe na tv, por conta do telefone da sua residência, no Rio de Janeiro, que não parava de tocar com ligações de muitos alagoanos querendo lhe parabenizar pelo excelente clipe”, diz a descrição do vídeo.

“É imensurável o legado deixado por ele para a música local e nacional”, ressalta o radialista Givaldo Kléber.

De uma geração posterior à de Júnior Almeida, o cantor e compositor Wado, catarinense radicado em Maceió, recorda momentos marcantes com a música de Carlos Moura que, para ele, é de uma “importância imensa” para a música brasileira.

“Lembro quando fui para o Rio de Janeiro lançar o meu primeiro disco. Eu morava na Pracinha São Salvador, ali em Laranjeiras, e as senhorinhas, todos os dias de manhã, faziam exercícios com as músicas de Carlos Moura”, recorda.

“Lembro também de um episódio em que a gente foi tocar num evento, chamado ‘Alagoas de Corpo e Alma’, e era no Canecão, repleto de gente. E o momento mais quente, o auge do show inteiro – onde estavam: eu, Eliezer Seton e Júnior Almeida – foi o Carlos Moura cantando seus sucessos, filho de Palmeira dos Índios”, completa Wado.

Grupo seleto

Para Eliezer Setton, Carlos Moura faz parte do seleto grupo de compositores que deixaram sua marca indelével no cancioneiro alagoano, especificamente no contexto de cantar e divulgar Maceió e o estado.

“Fazem parte desse grupo, além do Carlinhos, Lourival Passos (Maceió), Roberto Barbosa e Marcus Maceió (Ponta de Lápis), Luiz Wanderley (Terra dos Marechais), Jacinto Silva (Saudade de Alagoas), Gordurinha (Carta a Maceió), Aldemar Paiva (Pajuçara), Edécio Lopes (Cidade Sorriso), Djavan (Alagoas) e Edu Maia (Pedaço de Alagoas)”, cita Eliezer Setton.

“Minha Sereia”, aliás, é presença constante no repertório do cantor e compositor alagoano Eliezer Setton.

Confira no vídeo:

Carlos Moura parte para a eternidade num “Cometa”, deixando aqui “Minha Sereia”, empedernida em nossa memória musical, espalhando Rosas de Sol.

“Ele tem composições maravilhosas, parcerias fantásticas; discos bem trabalhados, com arranjos impecáveis”, reforça Givaldo Kléber.

“Carlinhos é responsável por termos uma música (Minha Sereia) que nos representa, que todo mundo gosta. Só isso já seria o bastante, mas ele deixou um legado de músicas incríveis. Ele era um compositor brilhante. Foram muitas músicas boas que ele deixou e que vão permanecer sempre entre a gente. Acredito que muita gente vai regravar, a obra do artista permanece”, sentencia Júnior Almeida.

No vídeo abaixo, Carlos Moura se apresenta no talk show Alagoas Arte Cultura, no quadro “Fique em Casa com Carlos Moura”, exibido há 3 anos e apresentado por Paulo Poeta, uma produção da TV Assembleia.

O velório será realizado na sede da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), nesta quinta-feira (8), a partir das 8 horas. A Prefeitura de Palmeira dos Índios decretou luto oficial de três dias e a de Maceió, Nota de Pesar.