O projeto interdisciplinar Rethinking Plastic Pollution Post Pandemic verificou as políticas sobre a cadeia de poluição por plásticos nos contextos de antes, durante e pós-pandemia. No Brasil, constatou-se que 108 projetos de lei sobre o assunto estão em tramitação no Congresso Nacional.
A pesquisa busca pensar em formas de retomar a reflexão sobre os números da poluição do plástico e possíveis soluções para o problema, já que as expressivas demandas da pandemia por esse material, em hospitais e na vida de cada um, arrefeceram a movimentação global para resolver a questão, forte na década de 2010.
Participante do projeto e professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), ambos da USP, Sylmara Lopes Dias destaca, entretanto, que dos 108 projetos de lei sobre o assunto, que estão em tramitação no Congresso Nacional, nenhum foi aprovado até agora.
“A gente tem outras 240 legislações de nível estadual ou municipal que olham para uma partezinha do problema”, explica Sylmara Lopes.
Em março, o Alagoas Notícia Boa (ALNB) publicou reportagem sobre o canudo biodegradável criado a partir da cera de abelha, desenvolvido pela professora do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) Campus Batalha, Danielle Martins.
Produção mundial
A produção anual de plásticos no mundo é de 350 milhões de toneladas métricas.
“Desde os anos 1950, a curva de produção de resina plástica é estratosférica. Nos anos 60, cada pessoa consumia, em média, 5 kg de plástico por ano no mundo”, informa Sylmara. “Hoje, esse número alcança 46 kg per capita”, alertou.
As principais questões envolvendo esse material são a escala de produção e os usos descartáveis, considerando a origem fóssil do plástico.
“Esse problema veio acelerando de tal monta que hoje a gente tem que 40% de tudo que produzimos desses 350 milhões vão parar no meio ambiente, poluindo as cidades, os rios e os oceanos”.
Outro problema é o acúmulo de partículas de plásticos no ambiente, com consequências diretas para a saúde humana.
“A gente tem 65 anos que inventou e usa essa resina [de plástico] e ela dura de 400 a 500 anos. Então eu posso acreditar que tudo que a gente já produziu de plástico no mundo ainda está por aqui, no ar, na água ou no solo”.
O projeto Rethinking Plastic Pollution Post Pandemic foi financiado pela University Global Partnership Network, um programa que conta com a USP, a University of Surrey, da Inglaterra, e a University of Wollongong, da Austrália. Você pode acessar mais informações sobre esse trabalho neste link (em inglês).
Com Jornal da USP