O setor atacadista alagoano cresceu, modernizou-se e ficou no topo da pirâmide da rede comercial. A avaliação é do economista Cícero Péricles, ao analisar os números apresentados pelo Ranking ABAD/Nielsen 2022 – ano base 2021, realizado pela ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, em parceria com a consultoria NielsenIQ. Segundo ele, o setor não sofreu com as restrições na pandemia e soube aproveitar o ‘boom do consumo’.
Conforme o Ranking ABAD/Nielsen, divulgado na terça-feira (10), a atividade atacadista e distribuidora em Alagoas registrou crescimento de 22% em 2021 em comparação ao ano anterior, alcançando faturamento total de R$ 4.825.201.465.
“O setor atacadista alagoano soube aproveitar o ‘boom do consumo’ nas duas últimas décadas, cresceu, modernizou-se e ficou no topo da pirâmide da rede comercial. Mesmo nos anos mais duros da pandemia, 2020 e 2021, as empresas distribuidoras não sofreram as restrições de outros setores econômicos, e toda a rede de varejo foi abastecida pelo setor atacadista”, avaliou Cícero Péricles, consultado pelo ALNB.
Segundo o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o conjunto das 120 empresas que compõem o setor de distribuição em Alagoas é o núcleo mais dinâmico da economia estadual, capaz de, simultaneamente, atender à demanda dos milhares pontos de vendas do varejo em todas as localidades, concorrer com as empresas de outros estados, e ampliar sua atuação nos estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe.
“O setor de distribuição é, também, o que mais cresce em Alagoas. O recente relatório da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), com o Ranking anual para 2022 das maiores empresas por Estado, revela que metade das empresas alagoanas (50) declararam o faturamento com crescimento”, observou o economista.
Ele cita os dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) que apontam o setor como o de maior receita na economia alagoana e o maior pagador de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço).
Cícero Péricles observa, ainda, que caso o Ranking ABAD/Nielsen computasse a outra metade das empresas que não estão na lista da entidade, o faturamento passaria de R$ 4,8 bilhão para mais de R$ 8 bilhões, praticamente dobrando.
Medidas econômicas
Ele recorda que o crescimento do setor distribuidor está relacionado, na primeira década dos anos 2000, aos programas de transferência de renda, como Bolsa Família e à Previdência Social, além da valorização do salário mínimo.
“Nos dois anos de pandemia, foi beneficiado pelo Auxílio Emergencial e outras medidas de estímulo à economia que sustentaram o consumo. Este ano, segue no mesmo ritmo apoiado pelo Auxílio Brasil, o antigo programa Bolsa Família”, pontuou.
O economista cita, ainda, o aumento do salário mínimo, as liberações do FGTS, PIS/Pasep, o pagamento do seguro-desemprego e o pagamento regular dos salários do funcionalismo público – Estado e prefeituras.
“Este dinheiro foi todo para o consumo, principalmente no varejo. Neste cenário favorável, o setor atacadista, evidentemente, manteve seu ritmo de atividade”, pontuou.
Cícero Péricles ressalta que, atualmente, as empresas distribuidoras formam um importante canal de comercialização que cumpre um papel organizador no varejo estadual, com uma grande estrutura de importação de mercadorias de amplo consumo. E cita os produtos industrializados, a exemplo das bebidas e alimentos da agroindústria, material de limpeza e higiene pessoal, remédios, vestuário e calçados, material de construção, ou mesmo alimentos vindos diretamente da agricultura.
“A linha que separa a rede distribuidora do setor varejista é muito tênue”, observa. “Os atacadistas mantêm com o varejo popular uma parceria, na busca da fidelização, que inclui, além do abastecimento regular, uma relação de fornecimento de crédito, algumas facilidades nos pagamentos, a assistência técnica e outros aspectos que aproximam os dois segmentos para o mesmo objetivo, que é vender mais para o público consumidor”, finaliza.