Ao som da voz potente de Renata Rosa, ecoando “Brilhantina”, “Na Janela do Dia” e “Rosa”, o estilista alagoano Jonhson Alves apresentou, na noite dessa quarta-feira (14), sua terceira coleção autoral no Dragão Fashion Brasil (DFB) 2025, em Fortaleza (CE).
A trilha sonora não foi acidental: traduzia a essência da coleção “Mané do Rosário”, uma ode à cultura popular nordestina que marcou sua estreia com sala exclusiva no evento.
Natural de Arapiraca (AL), Jonhson Alves já havia participado de edições anteriores do DFB – duas como profissional (“Renda-se ao Guerreiro” e “As Benzedeiras”) e outras como estudante (como “Cholas” e a coleção Tieta, apresentada no Concurso Senai). Mas esta foi especial.
“É a primeira vez que tenho uma sala só pra mim. Antes, dividia espaço com outros estilistas. Ver meu trabalho ganhar esse reconhecimento é um delírio emocional”, confessou.
A coleção “Mané do Rosário”– terceira de sua trilogia autoral – mergulhou nas tradições do Nordeste, com 10 looks em cores frias e terrosas, tecidos fluidos e detalhes artesanais que remetiam à simplicidade e à força da cultura popular.
Jonhson não poupou elogios à equipe que tornou o desfile possível.
“Se não fosse Suzuta, minha assistente e ‘segurança’, e Vanessa, responsável pelos acessórios, nada disso teria acontecido”. A emoção tomou conta quando os modelos pisaram na passarela. “Fico meio aéreo, sem entender o que tá acontecendo. É um êxtase muito louco”.
Trilha Sonora como Narrativa
A escolha de Renata Rosa para embalar o desfile não foi aleatória. As músicas “Brilhantina”, “na Janela do Dia” e “Rosa” criaram uma atmosfera que complementou a narrativa visual, unindo moda e música em uma experiência sensorial. “É sobre identidade. Cada nota, cada corte, cada bordado conta nossa história”, explicou o estilista.
O Caminho até o DFB: Trajetória de Resistência
Jonhson relembrou sua jornada – desde os concursos estudantis até as coleções autorais no Dragão Fashion como um processo de afirmação. “Cada desfile é um passo para mostrar que a moda do Nordeste é potente, ancestral e contemporânea”.
Com o sucesso da coleção, o estilista adiantou planos para expandir sua marca além das passarelas. “Quero que ‘Mané do Rosário’ vire um manifesto, não só na moda, mas na arte como um todo”.
Enquanto o último acorde de “Rosa” sumia no ar, ficava claro: Jonhson Alves não apenas desfilou roupas, mas celebrou um patrimônio cultural que segue ecoando, tecido a tecido.
Texto: Renata Bertolino