Um estudo feito pela pesquisadora de Arapiraca, Jaqueline Maria da Silva, foi selecionado para ser apresentado em um evento internacional de Experiência do Paciente, marcado para este mês. PhD em Química e Biotecnologia, Jaqueline é professora do Cesmac e leciona no Campus de Palmeira dos Índios.
O artigo mostra o uso bem-sucedido da Realidade Virtual (RV) na preparação de pessoas para o exame de ressonância magnética. Apesar de importante para vários diagnósticos e indolor, o exame costuma provocar medo e ansiedade nos pacientes. Reações emocionais que às vezes chegam ao pânico e até inviabilizam a realização do exame.
“A tensão gerada, seja pelo ambiente fechado, os ruídos, ter de ficar imóvel por muito tempo ou até mesmo o medo do diagnóstico, leva a uma incidência alta de exames mal sucedidos, que precisam ser repetidos. Por isso, criamos uma inovação capaz de melhorar significativamente esse cenário”, explica a pesquisadora.
A inovação trata-se de um software simulador de realidade virtual, criado para melhorar a experiência do paciente. O estudo analisou a aplicação da tecnologia em 200 pacientes, alguns oncológicos, atendidos durante o período da pesquisa, no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU/Ufal), em Maceió.
Cerca de 15 minutos antes da ressonância magnética, os pacientes passaram por uma experiência de relaxamento e imersão, com uso de óculos de RV.
Metaverso
Jaqueline conta que os pacientes entram em um metaverso. A assistente virtual conduz uma meditação guiada em meio a imagens de natureza e músicas relaxantes.
Na sequência, eles fazem um passeio virtual que reproduz em 3D a sala onde será a ressonância magnética. A assistente mostra como é o equipamento, eles ouvem os sons que a máquina irá emitir e recebem orientações de como proceder durante o exame, mantendo a calma.
“O resultado foi significativo. A exposição à Realidade Virtual proporcionou sensação de bem-estar, acolhimento e segurança. Dos participantes, 92% classificaram seu nível de relaxamento após a imersão como ‘excelente’ e os outros 8% como ‘muito bom’ ou “bom”. E 99,5% dos pacientes se sentiram mais preparados, confiantes e seguros para realizarem o exame”, revela a a PhD.
Mercado
Jaqueline conta que o software surgiu de um projeto de iniciação científica do curso de Enfermagem, coordenado por ela, no Cesmac. A pesquisa premiada transformou-se em um empreendimento, a startup RV Saúde, localizada em Arapiraca.
Hoje CEO da Health Tech (empresas de tecnologia na área de saúde), Jaqueline já fornece a licença de uso para o mercado alagoano, presente na clínica Ultramed, de Arapiraca e Santa Casa de Misericórdia de Maceió.
Já está em negociação com clínicas em Pernambuco e pretende entrar em Sergipe. No próximo dia 26, o estudo alagoano sobre RV na saúde vai ser apresentado na 5ª Semana PX (Patient Experience), congresso online que reúne pesquisadores e projetos relevantes do Brasil, Espanha e Portugal (patientcc.com/semana-px).
“Serei a única representante de Alagoas, o que nos dá bastante orgulho. Desenvolver uma tecnologia capaz de melhorar a vida das pessoas é um grande propósito para nós. Esperamos em breve ampliar este acesso à população, especialmente pelo SUS”, arremata Jaqueline.