Mais que um ato de solidariedade humana, a doação de órgãos tem transformado a vida de muitas famílias alagoanas. De janeiro de 2023 até a última quinta-feira (18), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) contabilizou 96 transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 86 córneas, sete fígados e três rins, que fizeram a diferença na vida de pacientes com enfermidades graves, renovando a esperança de sobrevivência e qualidade de vida após um transplante.
De um único doador, é possível obter vários órgãos e tecidos para transplante. Vítima de cirrose, em decorrência de uma hepatite, o educador físico Jorge Ricardo Queiroz de Andrade, de 59 anos, morador do bairro Graciliano Ramos, em Maceió, foi o primeiro transplantado de fígado em território alagoano, e sempre que tem oportunidade, usa sua experiência para dar voz a um apelo cada vez mais necessário sobre a importância da doação de órgãos.
“Minha vida nova e minha luta é para convencer as pessoas do quanto é importante a doação de órgãos. Do jeito que alguém, um dia, disse sim para que hoje eu esteja aqui, dando esse depoimento, desejo que outras pessoas também digam sim para que outras vidas sejam salvas. No dia que soube que meu órgão tinha chegado, fiquei feliz igual um menino, que chora e dá pulos de alegria. Minha vida hoje é muito melhor do que já foi”, relatou o transplantado, que é, atualmente, um grande defensor e incentivador da doação de órgãos.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o Brasil é referência e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA.
A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, explica que, no Brasil, a doação de órgãos só é efetuada mediante autorização familiar. Portanto, mesmo que alguém tenha expressado o desejo de ser doador em vida, a doação só ocorre se a família concordar.
“Foram 96 famílias beneficiadas e agraciadas pelo sim de outras famílias, que autorizaram a doação de órgãos e possibilitaram que o milagre da vida tivesse continuidade. Agradecemos a todos que fazem parte de toda essa rede de apoio e com muita certeza e esperança que neste ano de 2024 nós consigamos conquistar ainda mais e salvar muito mais vidas”, destacou, Daniela.
Aumento no número de transplantes
O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, salienta que Alagoas tem registrado um aumento no número de transplantes.
“Esses números representam o esforço dos técnicos que integram a Central de Transplantes de Alagoas e a Organização de Procura de Órgãos. Contamos com uma equipe altamente qualificada e comprometida, que não mede esforços para conscientizar e realizar a captação de órgãos”, afirmou.
Em 2023, várias conquistas marcaram a Central de Transplantes de Alagoas: a reestruturação física da unidade; o apoio da direção do Hospital Geral do Estado com a Inauguração da sala da Organização de Procura de Órgãos (OPO) dentro do hospital, com o acolhimento das famílias; a entrega de cinco aparelhos de doppler transcraniano e treinamento para os médicos; além do recebimento de sete computadores doados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AL).
Esse processo de organização conta também com a capacitação e atualização de profissionais e campanhas de conscientização.
No ao passado, a Sesau promoveu curso de capacitação para o diagnóstico de morte encefálica para médicos; visita técnica à Central de Transplantes do estado de Pernambuco; a campanha Setembro Verde – de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos; seminário sobre doação de órgãos; cursos de comunicação de má notícia; e garantiu o credenciamento do Hospital do Coração de Alagoas Professor Adib Jatene para a realização de transplante de Coração e Rim.