Um projeto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), incentivado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), capta energia solar e impulsiona a produção agrícola. A pesquisa, que analisa os sistemas agrofotovoltaicos, é liderada pelo grupo do professor Ricardo Araújo, do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca).
O sistema consiste na implantação de painéis fotovoltaicos para a produção de eletricidade em áreas onde se desenvolvem a agricultura ou a pecuária, ao mesmo tempo em que se busca uma melhor eficiência do uso da terra.
“Algumas formas de produção de alimento e energia emitem gases de efeito estufa (GEE) que são responsáveis pelas mudanças no clima. A energia fotovoltaica é reconhecida como uma forma de energia renovável e está tendo um crescimento exponencial no Brasil. Já a cultura da cana-de-açúcar é uma importante fonte de alimentos e bioenergia (etanol e bioeletricidade) para o país, sendo o setor responsável por cerca de 15% da matriz energética no Brasil no ano de 2022”, explicou o pesquisador Ricardo Araújo.
De acordo com ele, desde a sua concepção, o estudo sempre apontou para um viés sustentável e moderno de produção, visto que objetiva uma forma limpa e tecnológica de geração de energia.
Assim, o projeto investigou a interação dessas duas atividades na mesma área, o que resultou em aumento da eficiência do uso da terra. Para a pesquisa, foi escolhida, especificamente, a cultura da cana-de-açúcar.
De acordo com o pesquisador, a maioria das análises com o agrofotovoltaico pelo mundo objetiva definir a altura e distribuição dos painéis para não prejudicar a produção agrícola ou, ainda, melhorar a produção e qualidade dos alimentos cultivados sob os equipamentos.
“É notável que os painéis instalados sobre as plantas produzam sombras, então, o ponto chave para o sucesso de um sistema agrofotovoltaico é saber como a cultura escolhida vai responder a esse novo microclima”, frisou Ricardo Araújo, ao dizer que os resultados observados no primeiro ano foram positivos em relação ao uso da terra, ou seja, proporcionalmente a um cultivo convencional.
Fapeal
No agrofotovoltaico, a produção da cana foi maior e, adicionalmente, houve a produção de energia. O professor ressalta ainda que os dados e projeções alcançados pela pesquisa desde a sua implantação, só foram possíveis graças ao apoio da Fapeal, que investiu no projeto em suas diversas fases.
“A Fundação tem uma importância muito grande no desenvolvimento do estado, desde o apoio à pesquisa até a disponibilização das bolsas para os alunos de graduação e pós-graduação. No caso deste projeto em específico, ela foi fundamental, pois fomentou o recurso financeiro necessário para construir todo o estudo”, frisou Araújo.
Próximos passos
A pesquisa vai seguir com as análises do sistema agrofotovoltaico, observando sua evolução. Segundo o pesquisador, outras investigações estão sendo feitas dentro da mesma temática, mas com outras culturas.
Os novos estudos direcionam o foco de atuação principalmente para a região do semiárido, onde o sistema pode melhorar o uso da água, diminuindo a evapotranspiração dos cultivos e gerando eletricidade para o bombeamento de água, dentre outras aplicações.