O biólogo Mauro Guimarães Soares, 42 anos, resgatou, na manhã desta quarta-feira (15), uma tartaruga que estava presa em uma rede de pesca nas proximidades das piscinas naturais de Ponta de Mangue, em Maragogi, Litoral Norte de Alagoas. Após desvencilhar o animal, com a ajuda de turistas, ele a soltou com vida no mar.
“A sensação foi de tristeza de encontrar um animal naquela situação e de saber que existem pessoas irresponsáveis e inconsequentes. Mas também a sensação foi de alívio de ver que o animal estava bem o suficiente para ir embora por conta própria”, contou Guimarães ao Alagoas Notícia Boa (ALNB).
Ele fazia passeio turístico em uma canoa havaiana quando se deparou com a rede armada, sem nenhum pescador por perto. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), redes de emalhe, os espinhéis pelágicos (long-line) e as redes de arrasto para peixe e camarão são os principais apetrechos que capturam tartarugas marinhas no Brasil, incidentalmente (sem que haja intenção do pescador em capturá-las).
Na impossibilidade de chegar à superfície para respirar, elas acabam desmaiando e morrendo por afogamento ou mutilação causada pelas redes e anzóis. Vale lembrar que até março do próximo ano ocorre em Alagoas a temporada reprodutiva das tartarugas marinhas, quando elas se aproximam da costa em grande número para desovar, sendo “presas” fáceis dos apetrechos de pesca.
Resgate
No vídeo, Guimarães narra como encontrou o apetrecho armado no mar de Ponta de Mangue.
“Tem uma rede estendida aqui em cima do coral. Ontem, um amigo tirou uma tartaruga emalhada e hoje a gente acabou de tirar uma segunda tartaruga. A gente vai levá-la para um lugar distante dessa rede, mas eu queria que os órgãos ambientais tirassem ela (a rede), porque está emalhando bicho importante”, alertou o biólogo.
Guimarães conta que a tartaruga encontrada em Ponta de Mangue estava com a cabeça submersa e com a rede em volta do pescoço.
“Mais 10 minutos que eu demorasse, provavelmente eu a encontraria sem vida. Ontem, essa mesma rede capturou outra tartaruga, que também foi encontrada e solta”, recordou.
Guimarães acionou o Instituto Biota. Segundo o presidente da entidade, Bruno Stefanis, o animal se trata de uma tartaruga-verde (Chelonia mydas).
Ele acionou o Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais – cujos participantes integram os órgãos ambientais competentes – para que a rede seja removida e quem a instalou, identificado e autuado, uma vez que se trata de pesca predatória, em Unidade de Conservação Federal.
O secretário municipal de Meio Ambiente de Maragogi, Gabriel Vasconcelos, também garantiu ao ALNB que todas as providências serão tomadas.
Orientações
Stefanis orientou a população sobre ocorrências envolvendo tartarugas marinhas em Alagoas.
“A recomendação é tentar desemalhar o animal e soltar. Caso esteja aparentemente morto, não soltá-lo de imediato, aguardar de 15 minutos à meia-hora. Ele pode estar apenas desmaiado. Isso garante que o animal sobreviva. Se você devolver o animal desmaiado na água, ele vai acabar morrendo afogado”, explicou Stefanis.
“Se o animal estiver morto, entrar em contato com o Instituto Biota para a gente registrar a ocorrência ou fazer a necropsia, se for o caso. Agradeço todo o empenho da população que vem ajudando nesses casos, salvando animais. É super importante esse engajamento e esses registros também. Então, sempre que isso acontecer, tenta tirar foto, fazer vídeo, pegar a localização exata dessa rede e nos enviar. Com isso, a gente pode mapear onde está acontecendo e subsidiar as autoridades com informações para que possa autuar e tentar inibir essa prática ilícita”, completou.
O Instituto Biota pode ser acionado pelos números: (82) 99115-2944 – Whatsapp / (82) 99115-5516 / (82) 98815-0444.