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Feiras movimentam o mercado de discos em Alagoas

Espaços celebram a cultura do vinil e geram oportunidades para expositores e colecionadores, na capital e interior
O ALNB foi a uma dessas feiras e conversou com expositores e colecionadores para entender o aumento na comercialização de LPs e como funcionam esses espaços (fotos e vídeo: Severino Carvalho)

Dizem por aí que “a terra é redonda e que o mundo gira”. A máxima também vale para o mercado de discos de vinil. Após ser suplantado pelo Compact Disc (CD), o Long Play (LP) superou em vendas seu “concorrente” no ano passado, quando foram vendidos 41 milhões de “bolachões” contra 33 milhões de CDs, em todo o mundo.

Foi a primeira vez que isso aconteceu de forma planetária desde 1987, década do surgimento da nova tecnologia. Os dados são da Associação Americana da Indústria de Gravação.

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Em Alagoas, o mercado também se encontra aquecido e as feiras movimentam o setor na capital e no interior do estado, sobretudo no tocante à venda de discos usados e outros itens como fitas K7 e até CD. A 1ª edição da Feira de Discos de Arapiraca, realizada em junho deste ano, reuniu 11 expositores alagoanos e movimentou cerca de R$ 18 mil em vendas.

O Alagoas Notícia Boa (ALNB) foi a uma dessas feiras e conversou com expositores e colecionadores para entender o aumento na comercialização de LPs e como funcionam esses espaços de venda e troca de discos, e que celebram a cultura do vinil.

Arte e foto: Severino Carvalho

“Para o expositor, as feiras surgem como oportunidade porque a questão do vinil vem sendo explorada, a busca tá crescendo bem, não só dos vinis de época, mas também as regravações. E é um momento bom para o expositor porque ele pode divulgar o seu trabalho e mostrar os itens que tem em mãos e que podem ser negociados”, avalia o expositor Edvaldo Pereira, do Escritos e Discos – Sebo.

Ele participou da segunda edição da feira de discos do projeto “Um Disco do Bom, O Baile”, realizado no dia 19 de agosto no espaço cultural e casa criativa Carambola LAB, situado no bairro histórico do Jaraguá, em Maceió.

Edvaldo é um dos mais antigos vendedores de vinil em atuação no estado: tem 30 anos no ramo. Comercializa os itens em seu estabelecimento situado no Corredor Cultural da Rua Dr. Pontes de Miranda, Centro de Maceió.

Edvaldo é um dos mais antigos vendedores de discos usados de vinil em atuação no estado

No mercado, ele testemunhou o declínio e a volta por cima do LP, cujo aumento das vendas tem relação direta com a experiência sonora e estética do produto.

“Nas feiras, as pessoas podem adquirir um vinil de época usado, em bom estado, e pode adquirir também algumas regravações que vêm sendo colocadas no mercado de uns anos pra cá. As regravações têm variado de R$ 80 a R$ 200. Já um disco original de época, em bom estado, é mais valorizado, porque é item de colecionador. Dependendo do expositor, você pode encontrar discos de R$ 10 até R$ 100, R$ 200, R$ 300”, relata Edvaldo.

Para Jailson, feiras funcionam como catalisador para as vendas

“As feiras de vinil são espaços muito bons para você tanto comprar como para trocas de LPs. É um espaço também para trocar uma ideia com as pessoas que gostam de música”, acrescenta o expositor Jailson Alvim, dono da Solar Discos, também localizada no Corredor Cultural. Ele vende discos há 14 anos.

O estudante de Química Pedro Correia começou a colecionar vinil no ano passado. Nas feiras, costuma investir R$ 200, em média, na compra de LPs. “Tem muita variedade, preços bons e bons discos, onde posso ouvir em conjunto com meus amigos”, disse Pedro.

De São José da Laje para o mundo

O administrador Júlio César e a namorada dele, a nutricionista e DJ Déborah Rocha, criaram em 2019 uma loja online para a venda de vinil: a Ginga Discos. Tudo começou com um acervo de LPs usados adquirido no interior de Alagoas.

“A gente vendia e comprava discos para a nossa coleção. Então, a partir de um ‘garimpo’ que fizemos em São José da Laje, adquirimos cerca de três mil discos, a gente se tornou de fato um negócio; fez disso uma loja e até hoje estamos aí”, revela Júlio César.

Júlio César e Déborah Rocha, da Ginga Discos

Ele acredita que o período pandêmico fez crescer o mercado de discos de vinil, principalmente de usados, em bom estado.

“Com muita gente reclusa dentro de casa, as pessoas optaram por mídias físicas e o vinil foi uma delas. Tanto quem já colecionava passou a consumir mais, por estar em casa, e as pessoas que não tinham coleção começaram a colecionar, justamente neste período da pandemia”, conta.

Júlio observa que a feira de discos é o momento ideal para o encontro com o cliente, sobretudo para o tipo de negócio como o dele: online.

“A gente encontra o nosso cliente, conhece e conversa; tanto pelas vendas como por esse papo sobre música, sobre colecionar, compartilhar os mesmos gostos, então é um momento muito importante”, considera.

Um Disco do Bom, O Baile

Se na primeira edição, em julho, o projeto “Um Disco do Bom” teve como o foco da programação uma feira de vinil, valorizando o papel e o reconhecimento dos comerciantes maceioenses, nesta segunda, ocorrida no dia 19 de agosto, o evento assumiu um formato diferente, com roupagem de festa, além, é claro, da venda de discos.

Fernanda Fassanaro é uma das idealizadoras do movimento “O Disco do Bom”

Participaram do line-up do baile os DJs Obama, Waliston, Arthur Luna e Fernanda Fassanaro, uma das organizadoras do evento.

“O Disco do Bom é um movimento que nasceu pra gente fortalecer, estimular a cultura do vinil aqui na nossa cidade, Maceió. Um Disco do Bom, o Baile é um momento de confraternizar, ouvindo uma boa música, ao som do chiadinho da agulha. É um lugar pra gente ouvir música boa, da gente conversar sobre música, sobre suas coleções, suas trocas”, descreveu Fernanda, que também coleciona vinil.

Arapiraca

E a segunda edição da Feira de Discos de Arapiraca já tem data certa para acontecer! Será no próximo sábado (2 de setembro), das 13h às 18 horas, na Praça Luiz Pereira Lima, antiga Praça da Prefeitura, no Centro da cidade.

O evento vai contar com 12 expositores de Arapiraca, Maceió, Palmeira dos índios, Campo Alegre e Aracaju (SE). A discotecagem ficará por conta dos DJs Arthur Luna, Fernanda Fassanaro, Déborah Ginga e participação de Nara Fidelis.

Segunda edição da Feira de Discos de Arapiraca acontece no próximo sábado (foto: cortesia)

“Na minha opinião, a importância das feiras é múltipla, tanto para os expositores quanto para os compradores. A feira abre esse espaço para o expositor, já que a maioria não tem loja ou ponto físico. Já para o comprador é a oportunidade de adquirir presencialmente, já que as lojas de discos e afins foram quase todas extintas”, afirmou Geneton Araújo, um dos organizadores da Feira de Discos de Arapiraca, junto com Carlos Eduardo e Fernando Lopes.

O evento conta com o apoio da Prefeitura de Arapiraca, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude.