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Laboratório da Ufal se torna referência nacional em Química Inorgânica

Grupo de pesquisa tem mais de 200 artigos publicados e registra aproximadamente 4 mil citações de outros pesquisadores
Virada de chave do laboratório, segundo Mário Meneghetti, veio a partir da conversão da área de pesquisa (foto: Renner Boldrino)

Um grupo de pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), vinculado ao Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), se tornou referência no Brasil na área de Química Inorgânica. Desde a fundação, em meados da primeira década dos anos 2000, foram publicados mais de 200 artigos na área, citados por aproximadamente quatro mil pesquisadores.

O caminho até ganhar notoriedade não foi nada fácil. Essa jornada começa com a aprovação do gaúcho Mário Roberto Meneghetti em concurso para professor da Ufal.

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Apesar da possibilidade de permanecer no Sul do país ou de seguir para uma universidade no estado da Bahia, Meneghetti opta por Alagoas e dá início à trajetória que contribuiria para elevar, de forma significativa, o nome do Instituto de Química e Biotecnologia.

“Além de ser um estado que nos proporciona uma boa qualidade de vida, sabia que em Alagoas eu teria muita coisa a fazer na área de Química Inorgânica. Havia muito espaço para crescimento na Universidade, porque aqui não havia muitos profissionais nessa área. Então, foi o desafio de contribuir com o crescimento do que viria a ser o Instituto de Química que me motivou a optar pela Ufal”, lembrou Meneghetti.

Ao pesquisador se juntou, inicialmente, a professora Simoni Margareti Plentz Meneghetti, igualmente considerada uma referência quando se trata de Química Inorgânica.

Atuando de formas distintas e, ao mesmo tempo, complementares, os dois fundam o Grupo de Catálise e Reatividade Química, que, futuramente passaria a contar também com o trabalho das professoras Janaína Heberle Bortoluzzi e Rusiene Monteiro de Almeida.

Virada de chave

A virada de chave do laboratório, segundo Mário Meneghetti, veio a partir da conversão da área de pesquisa. Os professores migraram da área de Química Básica para a área de Catálise.

“Nosso grupo passou a estudar, por exemplo, a transformação de óxidos metálicos e nanopartículas na produção de insumos químicos que servem de base para outras aplicações”, destacou o professor, que completa, em 2023, 20 anos de Ufal.

“Com o tempo, obviamente, fomos nos adaptando às questões locais e também dos próprios financiadores. Em 2003, por exemplo, quando estava se iniciando o primeiro governo de Lula, houve um investimento forte na área de oleoquímica. Então, o grupo começou a direcionar estudos para esta área. No caso, preparar catalisadores para a transformação de óleos pela gordura animal e biodiesel”, observou Meneghetti.

O grupo de pesquisa conta, atualmente, com 25 pesquisadores, que envolvem não apenas professores, mas também estudantes de graduação – por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) – e estudantes de mestrado e doutorado que integram programas de pós-graduação da Ufal.

Esse número, no entanto, já foi o dobro do atual e diminuiu à medida que aumentaram as dificuldades de fomento.

“Isso é reflexo da diminuição do fomento à pesquisa. As bolsas começaram a ficar muito aquém do que realmente deveriam ser para ajudar os alunos a se dedicarem aos estudos, desde a Iniciação Científica, mas sobretudo para estudantes de mestrado e de doutorado. Também se criou uma atmosfera de desestímulo à ciência ao longo dos últimos anos, o que, sem dúvidas, contribuiu para a redução”, complementou Mário Meneghetti.

Retomada

Para 2023, o professor e pesquisador acredita num cenário de mais investimentos e de retomada do estímulo à produção científica dentro das universidades. O Grupo de Catálise e Reatividade Química recebeu a notícia, no fim do ano de 2022, de que seis projetos foram aprovados por agências de fomento, o que deve contribuir com novas pesquisas.

“Foram três novos projetos aprovados pela Fapeal [Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas] e três projetos aprovados pelo CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], sob a coordenação da professora Simone Meneghetti. Acredito que, além dessa aprovação, a retomada do financiamento das universidades deve nos ajudar a melhorar, principalmente, a estrutura física dos nossos laboratórios, que se degradou ao longo dos últimos anos”, concluiu Mário Meneghetti.

Futuras cientistas

Além do desenvolvimento de pesquisas de relevância na Química Inorgânica, o Grupo de Catálise e Reatividade Química da Ufal se destaca por outras ações. Uma delas é a participação no programa Futuras Cientistas, que também conta com a participação do Grupo de Ensino QuiCiência, do Instituto de Química e Biotecnologia da Ufal.

O programa Futuras Cientistas é desenvolvido pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) e busca proporcionar o contato de alunas e professoras da rede pública com as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

A ideia, de acordo com a definição do próprio programa, é contribuir com a equidade de gênero no mercado.

A Ufal disponibilizou 15 vagas para participação no programa, que foram distribuídas para ampla concorrência e para pretas, pardas, indígenas e quilombolas, trans e travestis, e candidatas PCD.

O Futuras Cientistas teve início no dia 3 de janeiro. As estudantes vão receber bolsa auxílio no valor de R$ 483.