Formadas pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), quatro mulheres pesquisadoras se uniram para inovar na área da Ciência. Juntas, elas criaram a startup de pesquisa e desenvolvimento Nanotac, uma empresa inovadora em nanotecnologia para diagnósticos, voltada para desenvolver testes rápidos, inicialmente, para a dengue.
Amanda Evelyn da Silva é uma das cofundadoras da startup. Formada em farmácia pela Ufal e com doutorado em biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), ela conta que a idealização do negócio surgiu em agosto do ano passado, a partir de uma necessidade apresentada pelos grupos de pesquisa da Universidade liderados pelas docentes Aline Cavalcanti de Queiroz, do curso de Medicina do Campus Arapiraca; Magna Moreira, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS); e pelo professor Glauber Silva, do Instituto de Física (IF).
Com a demanda em mãos, elas foram estudar meios para atendê-la.
“Através de pesquisa em artigos acadêmicos, percebemos que materiais em nanoescala são ideias para a metodologia que estamos desenvolvendo. E a dengue foi escolhida por ser uma doença endêmica no país e por não existir, até o momento, testes rápidos aprovados pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, explica Amanda.
O potencial da startup chama a atenção e já começou a ganhar visibilidade. No ano passado, bem no início da idealização do negócio, elas participaram do Geração do Hoje Indústria (GdH), um programa de pré-aceleração promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti); ficaram classificadas entre as cinco primeiras startups.
“Todas as 15 selecionadas, inicialmente, para o programa GdH tiveram cinco meses de mentorias e aceleração sobre o mundo de startups e empreendedorismo”, informa.
Neste mês de abril, o negócio passou por mais uma etapa do GdH. Dessa vez, foi realizada uma apresentação final para selecionar as ideias inovadoras que receberiam um subsídio para dar andamento à empresa. Uma banca externa de avaliadores julgou todas as startups e as cinco primeiras colocadas receberiam o valor de 20 mil para financiar o projeto.
Mais uma vez, a Nanotac ficou entre as cinco melhores avaliadas. As pesquisadoras receberam um subsídio da Fapeal no valor de R$ 20 mil reais para serem investidos no projeto.
“Agora, precisamos abrir CNPJ e registrar a empresa. Receberemos outras fases de mentorias e utilizaremos o subsídio para realizar as pesquisas”, comemora a cofundadora.
O valor do prêmio será utilizado para adquirir materiais e reagentes necessários para a fabricação das nanopartículas. Amanda segue confiante e otimista com o andamento da empresa.
“Será só o começo. O prêmio foi crucial nesse momento que vivenciamos em nossas carreiras como pesquisadoras, pois sabemos da nossa determinação e força de vontade para alcançar os nossos objetivos”, destaca.
Mulheres na inovação científica
Desde a graduação na Ufal, as fundadoras da startup Nanotac se dedicam às atividades de pesquisa e prosseguiram fazendo ciência nos estudos acadêmicos de mestrado e doutorado.
Amanda Evelyn da Silva começou como bolsista de programas de iniciação científica durante a graduação. Hoje, atua na área de inovação e empreendedorismo com foco no desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico, e, além de cofundadora da Nanotac, é diretora de biotecnologia em outra startup.
Já a cofundadora Ana Maria Torres da Silva saiu do município de Igaci para fazer pós-graduação em Física. Hoje, ela é doutoranda no Instituto de Física da Ufal, vinculada ao Grupo de Pesquisa de Acústica Física.
Ela possui experiência em dispositivos acustofuídicos para estudos de imunoaglutinação e já participou de atividades de pesquisa para o desenvolvimento de um novo método de diagnóstico para as leishmanioses.
Quem lê o currículo da jovem pesquisadora nem imagina o quanto desafiante foi subir cada degrau dessas conquistas. Desde a graduação, Ana Maria supera as adversidades para prosseguir nos estudos, mas não desistiu.
“Decidi seguir em frente e me dedicar ao máximo para alcançar meus objetivos. Participar do programa GdH indústria foi uma experiência incrível e desafiadora para mim”, comenta.
Acostumada ao ambiente acadêmico, ela conta que participar do prêmio foi inspirador para sua carreira.
“Pude vivenciar as pesquisas que são realizadas em laboratórios com aplicação na indústria e oferecer ao estado de Alagoas a oportunidade de crescimento em tecnologia e inovação no setor industrial por meio da Nanotac”, ressalta.
Mestra em química e biotecnologia, cursando o doutorado em materiais no Centro de Tecnologia (Ctec) da Ufal, Ana Lais de Araújo Costa também é uma das cofundadoras da empresa inovadora na área de nanotecnologia.
Dedicação
Completando o quadro de idealizadoras da Nanotac, tem a pesquisadora Lilyana Waleska Nunes Albuquerque que também é farmacêutica formada pela Ufal, com mestrado em ciências médicas e doutoranda em biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio).
Ela trabalha no Laboratório de Farmacologia e Imunidade (LaFI) da Universidade em projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico nas áreas de farmacologia, imunologia, parasitologia e biotecnologia.
Para Lilyana, participar de prêmios como o GdH é importante por aproximar a ciência da inovação tecnológica.
“A possibilidade de interligar pesquisa e gestão de negócios na criação da nossa startup trouxe uma bagagem de conhecimento enorme e que será muito útil durante os próximos passos de formalização e amadurecimento da Nanotac”, reconhece.
“Receber o prêmio do GdH tem uma grande importância para a minha carreira, pois é um reconhecimento de muitos anos de dedicação e esforço”. acrescenta.
São anos de estudos e, além dos graus acadêmicos, a preocupação das mulheres que integram a Nanotac é dar respostas para demandas da sociedade.
“O aporte financeiro e a experiência adquirida durante as etapas do programa é, sem dúvidas, o pontapé inicial para transformar em realidade a nossa ideação de negócio com o objetivo principal de solucionar os problemas que permeiam os testes de diagnósticos para doenças infecciosas”, diz Lilyana.
“Isso me motiva a continuar firme no meu propósito como pesquisadora, farmacêutica e empreendedora, trabalhando no ramo da biotecnologia a serviço da saúde”, finaliza.