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Alagoas conta com tecnologia de reuso da água de esgoto para irrigação

Sistema beneficia plantações de agricultores familiares instalados no semiárido brasileiro, em oito estados
Tecnologia Sara consiste em um processo de tratamento do esgoto em três etapas (foto: Insa/Luiz Aroldo)

Pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), desenvolveram uma solução para a falta de água e de saneamento básico nas áreas rurais do semiárido brasileiro. Por meio da tecnologia de Saneamento Ambiental e Reuso de Água (Sara), o esgoto é transformado em água para ser usada na irrigação na agricultura familiar.

Alagoas é um dos oito Estados que já receberam o sistema. A tecnologia Sara consiste em um processo de tratamento de esgoto em três etapas. Na primeira delas, é feita a sedimentação de solos pesados. A segunda, biológica, consiste na degradação da matéria por meio de bactérias em reator anaeróbio.

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Na terceira, é feita a remoção de patógenos de microrganismos em lagoas de desinfecção. O processo elimina 99,99% dos patógenos e conserva os nutrientes da água, deixando o líquido pronto para irrigar as plantações.

De acordo como o pesquisador de recursos hídricos do Insa, Mateus Mayer, o tempo de tratamento necessário para que a água esteja pronta para o reuso varia entre cinco a sete dias.

“Nenhum produto químico é colocado no esgoto. O sistema trata os detritos de forma natural. Existem três escalas de tecnologia Sara. A familiar ou unifamiliar é destinada para até dez pessoas na zona rural, com capacidade para tratar até 1 mil litros de esgoto por dia. A escolar comporta 10 mil litros para 150 alunos, e a comunitária para até 120 pessoas”, explica.

Cada tecnologia Sara implantada tem custo em torno de R$ 10 mil, e o valor varia de acordo com tipo e escala. Pelo menos oito estados do semiárido brasileiro receberam o sistema: Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

De acordo com a diretora do Insa, Mônica Tejo, o impacto do projeto no semiárido é direto.

“A água é o maior bem, e com a implantação estamos dando dignidade às pessoas para que possam ter produção de alimentos, diminuição de problemas de saúde pública por meio do uso de efluentes e também o impacto positivo sobre ações climáticas”, frisa.