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Projeto prepara estudantes para o Enem com aulas gratuitas

Curso de servidora da Ufal ajuda jovens estudantes de escolas públicas a aumentarem notas das provas de Redação
O método é simples e já alcança 85 alunos matriculados na rede pública somente este ano (reprodução)

Uma oportunidade de ajudar jovens estudantes de escolas públicas a aumentarem as notas das provas de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Essa foi a motivação da técnica em assuntos educacionais da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Lívia Soares, para iniciar um projeto social que já se tornou notícia.

Trata-se do curso O mil é nosso, uma espécie de tutoria personalizada de correção e orientação na escrita do texto dissertativo-argumentativo, que caracteriza a prova de redação do Enem. O método é simples e já alcança 85 alunos matriculados na rede pública somente este ano.

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Lívia, que também é professora de Redação do estado, observou que em mais de 20 anos de sala de aula, seus alunos avançavam de forma mais rápida por conta de seu método de ensino. Foi então que decidiu expandir as aulas para outras turmas.

“Percebi que poderia alcançar mais pessoas se fosse para o on-line e não restringiria meus conhecimentos aos meus alunos, daí comecei a ministrar aulas de redação e linguagem para alunos de escola pública, com a ideia de levar os jovens para dentro das universidades, já que a redação, atualmente, tem um papel decisivo na nota final do Enem”, lembra.

As aulas acontecem sempre aos sábados, por meio da plataforma Google Meet.

“O desafio é desenvolver um programa de ensino que explore a curiosidade dos jovens e sustente a sua motivação para aprender cada vez mais na busca de atingir o objetivo de ingressar em uma Universidade”, afirma a professora.

Ela foi corretora de provas do Enem durante seis anos e fala que essa experiência também ajudou na formulação do seu curso.

“Por ser um exame tão grande o Enem padroniza algumas coisas, a exemplo da prova de redação. Meu método de ensino é voltado para essa padronização, fazendo com que o aluno dê ao Enem o que o Enem quer”, explica.

Ela trabalha com fórmulas para que os estudantes saibam exatamente o que precisam trabalhar em cada parágrafo, independente do tema solicitado.

“Não adianta encher o aluno de repertório sociocultural se na hora da prova, seja por conta da ansiedade ou outros fatores, ele não conseguir fazer uma redação decente”, avalia.

“Nossos resultados foram surpreendentes para um projeto sem apoio financeiro nenhum, sem visibilidade nenhuma e sem credibilidade social. Eu e alguns amigos éramos os únicos que acreditávamos no sucesso. Os números ratificam nosso êxito, foram 28 notas altas e 18 já estão dentro das universidades, sendo 13 na Ufal”, comemora.

Gratuidade

As aulas são gratuitas e os estudantes que aproveitam não se arrependem. Asafe Vinícius, aluno da Lívia no projeto, foi um dos que alcançou a nota mais alta, com 960 pontos na prova.

“O projeto é maravilhoso. Antes de entrar nesse curso eu não sabia como fazer uma redação, não surgia ideia de como fazer, mas hoje eu consigo. Acredito também que todos que entrarem irão ter a mente mais aberta e perceberá que fazer um texto dissertativo-argumentativo não é a coisa mais difícil do mundo, é tanto que a maioria dos alunos que fizeram parte conseguiram nota superior aos 900”, conta.

Ele hoje é líder de equipe e corretor de redação dos alunos que estão entrando no projeto.

O segredo é treinar. Quando era aluno do projeto, Asafe chego a fazer o total de 100 redações.

“Teve dias que fiz três redações seguidas, passei a gostar de escrever. No dia da prova a primeira que peguei pra fazer foi a de redação”, conta.

Letícia Campos, que também foi aluna do projeto e atualmente faz parte da organização, conta a experiência foi esclarecedora.

“Eu tinha dificuldade em redação e já não acreditava que poderia tirar 900, mas o curso me direcionou de uma forma incrível pois, me proporcionou, através das técnicas da professora, mais autoconfiança na hora de escrever a redação do Enem”, explica.

Para a professora, fica o orgulho e a emoção do dever mais que cumprido.

“O que mais me marcou no projeto foi a oportunidade de mudança de vida do meu aluno, que na maioria das vezes vem da periferia. A entrada na universidade muda uma realidade dura familiar. Tornar-se um profissional permite as pessoas alcançarem novos voos”, avalia.